Dias Gomes disse uma vez que Deus
era um ótimo dramaturgo, mas um pouco repetitivo, porque todas as suas
histórias tinham o mesmo final.
Certa feita estava no parquinho quando uma amiga, que também
tinha um filho em idade de cair do escorrega e acreditar que o sobe e desce da
vida é apenas um movimento da gangorra, apareceu. Ela vinha com aquele saco
plástico da Lojas Americanas que qualquer carioca reconhece a distância. Sentou
ao meu lado e na lata soltou: “Sabe o que tem aqui dentro da sacola das
Americanas”? Nessa época, não tão remota, não havia crematório no Rio e o
serviço precisava ser feito em São Paulo. Quando a urna chegou ela foi buscar as
cinzas e com receio do carro ser furtado com “papai dentro” a moça optou por
trazê-lo disfarçado para pracinha.
Meu avô Roberto era um homem devoto a tradição. Em domingos
de sol era obrigatório o mergulho na praia de Ipanema. Ele rogava para ‘passar
dessa para melhor’ em um domingo ensolarado, porque se ele não ia poder ir à
praia naquele dia, desejava que mais ninguém fosse.
Fecho com Hebe Camargo e adoraria plagiar na minha lápide sua
frase: “Não tenho medo de morrer, tenho peninha”. Já minha prima Miriam e
outros desafortunados insones provavelmente vão copiar o epitáfio do
acadêmico Humberto de Campos, que ficou famoso como nome de rua no Leblon: “E
quem por aqui se afoite / Não faça barulho enorme / Pois essa é a primeira
noite / Que Humberto de Campos dorme”. E por falar em acadêmicos, dia desses
uma moça que visitava a Academia Brasileira de Letras perguntou se os
escritores da Casa eram imortais desde o momento que ingressavam na ABL ou só
depois que morriam.
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