tag:blogger.com,1999:blog-52353155365000559482024-03-12T22:36:36.257-07:00Evas, Patrícias & SuelisAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/01388293953450149304noreply@blogger.comBlogger16125tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-66989655341591246412016-03-28T15:55:00.002-07:002016-05-09T17:11:48.639-07:00A Indesejada das gentes<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="line-height: 107%;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="line-height: 107%;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="line-height: 107%;"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUery58BS16631hqg6FkMmrGt9awGvZ6llnrEPeGPCHYAMyUMwqo_QwGVoS2c4QIsmRSFmqfgmNRhSPbjv7QgY502MmD6LGCHvZj7bbqO5gszAoYI_zvmk4dDaUxyKQOMAako2qECPh4SM/s1600/morte-2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUery58BS16631hqg6FkMmrGt9awGvZ6llnrEPeGPCHYAMyUMwqo_QwGVoS2c4QIsmRSFmqfgmNRhSPbjv7QgY502MmD6LGCHvZj7bbqO5gszAoYI_zvmk4dDaUxyKQOMAako2qECPh4SM/s400/morte-2.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="line-height: 107%;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="line-height: 107%;">Dias Gomes disse uma vez que Deus
era um ótimo dramaturgo, mas um pouco repetitivo, porque todas as suas
histórias tinham o mesmo final. </span><span style="line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="line-height: 107%;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Certa feita estava no parquinho quando uma amiga, que também
tinha um filho em idade de cair do escorrega e acreditar que o sobe e desce da
vida é apenas um movimento da gangorra, apareceu. Ela vinha com aquele saco
plástico da Lojas Americanas que qualquer carioca reconhece a distância. Sentou
ao meu lado e na lata soltou: “Sabe o que tem aqui dentro da sacola das
Americanas”? Nessa época, não tão remota, não havia crematório no Rio e o
serviço precisava ser feito em São Paulo. Quando a urna chegou ela foi buscar as
cinzas e com receio do carro ser furtado com “papai dentro” a moça optou por
trazê-lo disfarçado para pracinha.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Meu avô Roberto era um homem devoto a tradição. Em domingos
de sol era obrigatório o mergulho na praia de Ipanema. Ele rogava para ‘passar
dessa para melhor’ em um domingo ensolarado, porque se ele não ia poder ir à
praia naquele dia, desejava que mais ninguém fosse.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="line-height: 107%;">Fecho com Hebe Camargo e adoraria plagiar na minha lápide sua
frase: “Não tenho medo de morrer, tenho peninha”. Já minha prima Miriam e
outros desafortunados insones provavelmente vão copiar o </span><span style="line-height: 107%;">epitáfio do
acadêmico Humberto de Campos, que ficou famoso como nome de rua no Leblon: “E
quem por aqui se afoite / Não faça barulho enorme / Pois essa é a primeira
noite / Que Humberto de Campos dorme”. E por falar em acadêmicos, dia desses
uma moça que visitava a Academia Brasileira de Letras perguntou se os
escritores da Casa eram imortais desde o momento que ingressavam na ABL ou só
depois que morriam.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm7H70qHc4ciKyHHOqqfEHKB5R2Tg7Ik_hRQchBSy9uCG46rfxWQQqgBCI5_R0sKiy-59hZRWVPC0QrUwwZxvbcEL1ZCD9brx9188OknQkUmEc4PpvzyMh-o3WCypR78y3l8h03XsaHnSG/s1600/morte-1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm7H70qHc4ciKyHHOqqfEHKB5R2Tg7Ik_hRQchBSy9uCG46rfxWQQqgBCI5_R0sKiy-59hZRWVPC0QrUwwZxvbcEL1ZCD9brx9188OknQkUmEc4PpvzyMh-o3WCypR78y3l8h03XsaHnSG/s400/morte-1.png" width="288" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-45265864867068844312016-03-23T14:55:00.000-07:002016-03-28T15:57:39.592-07:00Espelho, espelho meu<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No início dos anos 90 o falecido
Jornal do Brasil publicava a coluna <i>Perfil
do Consumidor</i>. O entrevistado, sempre uma personalidade, tornava públicos seus
hábitos. Quando perguntaram a Tim Maia seu vício, ele na lata respondeu “Vicio?
Punheta”! Do humorista Bussunda podíamos esperar o inesperado. A torcida do
Flamengo (e por que não a do Fluminense, Vasco e Botafogo) vibrou com a
memorável resposta a indagação “lugar mais estranho onde já fez amor: São
Paulo". A bola entrou onde a coruja faz o ninho. Nelson Rodrigues, outro
craque tricolor, já tinha sido cruel com “a pior forma de solidão é a companhia
de um paulista”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Fernando Pessoa, com sua
esquizofrenia literária, deve ser o pai da construção da identidade
contemporânea. Nos dias de hoje não basta o RG, quem não tem um perfil virtual
não existe de fato. Dolores, tadinha, andou arrastando um caminhão por um rapaz
por conta da foto dele no <i>messager</i>.
Não que ele fosse um Marlon Brando, George Clooney ou James Dean, ou ao menos desse
<i>pelota</i> a ela, mas na foto ele apoiava
a cabeça na mão e a olhava de frente sempre tão atento que ela se confundiu. Tudo
bem, é desculpável, igual gente que dá boa noite para o William Bonner quando
termina o Jornal Nacional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A artista japonesa Yayou Kusama
se diz diagnosticada como compulsiva obsessiva. O barato dela são as bolinhas,
o nosso lance é a exposição dos muitos e incríveis “eus”. Facebook, Instagram, Linkedin, Parperfeito,
Twitter... Deve haver restado pelo menos um cidadão sensato que esteja saudoso
de quando bastava dirigir-se ao DETRAN, tirar uma foto e carimbar o dedão. Mas
confesso que fiquei com uma invejinha de G.B. que postou no Tinder a foto de
uma empada e lá na meiuca do recheio estava o rosto dela verde, e o texto “Eu
posso ser a azeitona da sua empada”. E a ideia desdobrou-se em “Sou o ovo frito
da sua marmita”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No quesito “abalou Bangu”
ganharam coraçãozinho um paciente de Suellen chamado de “gás nobre”, porque o
nome dele é Hélio, e o motorista da instituição que só anda na elegância das
marcas, o “Ostentação”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVBnPbEvWW-tAgNjHB4eRQbiO6hsfTWP5g4ND5fLfZBGcRDy3UPCyajcsZIi4V9Fi3sVIw0zGS4Ajz3pRLWrvgsUSm1LIeBoFW_Knqdlw0heqG-bJhmlsSfWWmkXfaQlJGhyWhGg9w-nZp/s1600/Tinder-Dani.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="341" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVBnPbEvWW-tAgNjHB4eRQbiO6hsfTWP5g4ND5fLfZBGcRDy3UPCyajcsZIi4V9Fi3sVIw0zGS4Ajz3pRLWrvgsUSm1LIeBoFW_Knqdlw0heqG-bJhmlsSfWWmkXfaQlJGhyWhGg9w-nZp/s400/Tinder-Dani.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-89853290874230874322016-03-22T13:06:00.001-07:002016-03-28T15:58:22.081-07:00É tudo culpa da Física<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Minha
avó, uma das mulheres mais chiques que conheci, era do tempo em que se usavam
camisas de seda e mocassins, e suas unhas estavam sempre impecavelmente
pintadas de vermelho escarlate. Filha de um pianista russo, nasceu em São Paulo
e lá teria vivido para sempre se um namorado seu não tivesse tido a descortês
ideia de batizar no prado uma égua de corrida com seu nome, Riva. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ofendida,
D. Riva, no Rio passando férias, conheceu Dr. Bob um genuíno malandro carioca,
nascido em Nova Iorque, que andava de cinto e sapato brancos. Roberto
apresentava um diploma de dentista e um frustrado currículo de pugilista, pois
fora forçado a abandonar o ringue na Lapa em virtude do nariz avantajado.
Diziam que no dia que a <i>Indesejada das
Gentes</i> o visitasse, seu caixão não fecharia a tampa por conta da monumental
napa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Roberto
– o narigudo vinha de uma dinastia provida de um currículo familiar invejável. Minha
bisavó, Dedé, passava os dias lendo e fumando e, de certo, não foi uma das mães
mais amorosas de que se tem notícia. Morreu com noventa e uns quebrados. Era
uma das primeiras da fila para subir, quando feneceu a irmã, última parenta de
sua geração. Dr. Bob foi, cheio de cuidados, comunicar-lhe o óbito. Dedé apenas
interrompeu a leitura por alguns segundos e, respondeu: “antes ela do que eu”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A
irmã de Dr. Bob era uma senhorinha bem magrinha, que vivia de casaquinho no
verão de 40º do Rio, falava baixinho e tingia os cabelos grisalhos de lilás,
moda entre as senhorinhas de então, que também podiam optar pela coloração
azul. Tia Anita era um <i>bibelot</i>, pequena e delicada, mas tinha
em seu histórico o falecido tio Kid com quem contraíra núpcias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Para
início de conversa Kid (garoto) era uma alcunha de lutador de boxe. Numa busca
rápida na internet encontrei uns poucos apelidos fofos para os esportistas da
modalidade, como <i>Gentleman</i>, <i>Mantequilla</i>, <i>Príncipe</i> e <i>Kid</i> <i>Chocolate</i> (seguida da explicação que ele
não era nenhum bombom). E uma lista interminável de nomes como: <i>Six Heads</i>, <i>The Executioner</i>, <i>Hands of
Stone</i>, <i>Touch of Sleep</i>, <i>Navalha</i>, <i>El Terrible</i>, Ferocious, <i>Lights
Out</i>, <i>Pac-Man</i>, <i>The Pazmanian Devil</i>, <i>TNT</i> e <i>The Cinderella Man</i>. Titio Kid não era, digamos, um rapaz fino. O
meliante quando não estava de luvas de pugilista, tomava conta de um
ferro-velho, do qual era proprietário. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Há
um conhecido princípio da alquimia que diz que o semelhante dissolve o
semelhante (<i>similia similibus solvuntur</i>).
É só botar uma colher de açúcar em um copo d´água para conferir. Os opostos é
que se atraem é o que diz minha árvore genealógica. Talvez a regra das
partículas de mesmo sinal se repelirem e as de sinais opostos se atraírem sirva
para além de sabermos como encaixar as pilhas no controle remoto da TV. Talvez
a Física seja mesmo uma ciência exata quando trata de eletricidade e magnetismo
e os profissionais da área estão marcando touca, porque bem podiam estar
ganhando uma grana extra com mapa astral. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuMtEOXHv62Dloj2c8sMUzBQY8NdzI01aR1Nb-vr9mvsZjaGd9pI0PajBIFa2AvtDObiQVX7fjNN6sRZoOxBqRz6UrIEfTNnNHpkAdhzwEYLkCV4DZ9MUqMktJHDYXw1qXDTUMYIi1D_Q2/s1600/02.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="357" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuMtEOXHv62Dloj2c8sMUzBQY8NdzI01aR1Nb-vr9mvsZjaGd9pI0PajBIFa2AvtDObiQVX7fjNN6sRZoOxBqRz6UrIEfTNnNHpkAdhzwEYLkCV4DZ9MUqMktJHDYXw1qXDTUMYIi1D_Q2/s400/02.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-42087652881545745822016-03-17T19:03:00.000-07:002016-03-22T13:09:40.424-07:00A chana da minha avó <div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<div class="MsoPlainText">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O autor do choro <i>Carinhoso </i>veio ao mundo no bairro da Piedade, subúrbio carioca, com
a responsabilidade de carregar o nome do pai, Alfredo da Rocha Vianna Filho,
mas de pronto abandonou o nome da certidão. A avó Ediwirges apelidou-o de
"Pizindin", que era como chamavam os pequenos bons lá na África. Já
para os camaradas da rua no Catumbi, era o “Bexiguinha”, por causa das marcas
deixadas em seu rosto pela varíola. Juntaram-se os dois apelidos, e nasceu
Pixinguinha.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Outro menino comportado, Zé Quietinho
ou Zé Quieto, compôs “</span><i style="font-family: verdana, sans-serif;">A voz do morro</i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">” e virou Zé Kéti. A letra K era vista como
de boa sorte para a carreira, haja visto os estadistas Kubitscheck, Krushev e Kennedy
(esse não teve tanta sorte assim, mas...)</span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Espera-se que aquele que batiza um
filho dê a ele um bom nome. O irmão da MM, por exemplo, apelidou o cão
vira-lata de Jacaqueroaga para prestar uma homenagem tupiniquim ao escritor
norte-americano Jack
Kerouac. Como
o pai dessa família – o avô do cão – não sabia dirigir, Jacaqueroaga não
viajava doidão pelas estradas americanas, apenas passeava pela Rui Barbosa, de
certo balançando o rabo. </span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Existem pais ternos que, cheios de
amor no coração, escolhem um nome lindo para o seu bebezinho. Aí a vida dá uma
cambalhota e o nome que era amoroso, elogioso ou mesmo bíblico, de uma hora
para outra, ganha outra conotação. Foi assim com a Chana.</span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="line-height: 115%;">Chana, em hebraico, significa "graciosa,
misericordiosa". Na Torá, Hannah, esposa de Elcanã, sofria por não
conseguir dar ao marido uma criança, enquanto a outra esposa do sujeito tinha
sete filhos. Angustiada por sua esterilidade, rogou a D'us que a abençoasse.</span> Deu à luz um menino, a quem chamou
Samuel, cujo significado é "Eu o pedi (tomei emprestado) a D'us". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Como
vocês podem ver, Chana era um lindo nome hebreu até, sabem os céus por que
motivo, tornar-se, aqui onde caetés comem bispos, mais um dos muitos apelidos
da perereca. Aliás, órgãos genitais devem ser os campeões de apelidos, seguidos
a quilômetros de distância pelo demo e pela morte. Perseguida, periquita, capô
de fusca, chiquitita... Desde que a serpente apareceu na história, o povo
gostou dessa coisa de se conhecer biblicamente e de falar sobre o assunto.</span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<div class="MsoPlainText">
<br /></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Acontece
que, um dia desses, Júlia estava na escola quando o celular tocou. Era a avó. Os
colegas de classe, que provavelmente não tinham nada de mais interessante para
fazer, passaram a acompanhar o diálogo: “Vó, você está no hospital”? Silêncio
na sala – o assunto era sério. Do outro lado da linha (apesar de celular nem ter
fio, mas assim é mais poético), a avó explicava que estava tudo bem e que só
tinha ido visitar uma amiga. Do lado de cá da linha, Júlia apenas repete o nome
da amiga: “Ah, a Chana”. Pronto, foi assim que se espalhou a notícia de que a
chana da avó da Júlia estava doente.</span></div>
<br />
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieodMGVZJWyZdpUAE0wGWv-0E3jBNUEetBI6L0_tT-d3cNkDEO6FW80KtpXa3CUGZu8leigQVJ4zRnPF8lb2FlL5UNviRmMv5Bl5cg5wlJ7fym3rPW0jyuWI_hBCR2f59hijYWJKl6G3ll/s1600/the-perseguida.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieodMGVZJWyZdpUAE0wGWv-0E3jBNUEetBI6L0_tT-d3cNkDEO6FW80KtpXa3CUGZu8leigQVJ4zRnPF8lb2FlL5UNviRmMv5Bl5cg5wlJ7fym3rPW0jyuWI_hBCR2f59hijYWJKl6G3ll/s400/the-perseguida.png" width="272" /></a></div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-89575874058353684872016-03-14T18:34:00.002-07:002016-03-20T09:57:53.788-07:00Nem tudo que reluz é ouro<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O marido de Jéssica trabalha em
Jacarepaguá, e eles moram em Copacabana. Quem vive na Zona Sul e trabalha na
Barra da Tijuca sabe o que isso significa. Sou totalmente a favor de rever a
geografia da cidade e emancipar esse bairro, torná-lo outro município. Não sou nenhum
Barão do Rio Branco, tampouco tenho a pretensão de redesenhar o mapa do país e (re)demarcar
o território nacional, mas que a Barra podia ser anexada a Miami e nos deixar
“fora dessa”, ah podia!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Bem, divagações cartográficas a parte,
voltemos à história da Jéssica. Ontem ela deu carona à estagiária, que
encontrou em seu banco uma garrafa PET de Coca-Cola de um litro contendo, no
lugar do refrigerante, um refresco amarelado. A jovem universitária, tímida,
perguntou onde era para guardar o suquinho, ao que Jéssica respondeu: não deixe
tombar e vazar, porque esse é o banheiro portátil do meu marido! Sem
comentários.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Uma boa história merece uma segunda
como resposta. O fato é que Janete começou a desconfiar de que o <i>airbag</i> do períneo não estava lá essa
Brastemp quando foi mergulhar um dia desses. O truque para evitar a dor de
ouvido era a descompressão. Mecânica simples: fechar o nariz e tentar soltar o
ar, que acaba não saindo pela narina e desentope o ouvido. O processo, para
surtir efeito, precisa ser repetido a cada metro de profundidade. Afunda e
assopra. Afunda e assopra. Mas para Janete o resultado da equação gerou um
efeito colateral: era soprar de nariz fechado para desentupir o nariz e deixar
escapulir um xixizinho, que ficava ali armazenado na roupa de mergulho. E, ao
contrário do sistema feudal – com muita terra concentrada –, o líquido ia se
espalhando democraticamente por todo o corpo. O lado positivo é que a moça ganhou,
em águas geladas, uma roupa térmica organicamente aquecida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Para terminar o ciclo de três histórias,
JC trouxe memórias da infância. O pai levantava sempre o assento da privada, mas
nunca abaixava. E o que acontecia em uma casa com uma mulher adulta e dois
projetos femininos? Resposta fácil, valendo apenas meio ponto. No meio da noite,
era comum a pescaria de meninas que caíam dentro da "casinha".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Era para ser o fim desse assunto. Mas
toda criança sabe que cocô, xixi e bunda são temas pra lá de interessantes.
Então, a pedidos, acrescento uma curiosidade instrutiva que não podia passar
batida.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"></span><br />
<div class="MsoPlainText">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">JoutJout Prazer nos ensinou, no
Youtube, que não são as pererecas que estão ficando sem mira, a culpa é toda
das moças do Pello Menos. Os pelinhos funcionam como um funil. Depilar toda a
bacurinha pode ser arriscado naqueles momentos em que você precisa fazer uso
das privadas públicas e não pode sentar. O equilíbrio instável pede aquele
tufinho para assegurar que tudo vai pingar no alvo. Ah, Claudia Ohana tinha lá
seus motivos para exibir-se peluda na Playboy, em 1985. Aposto que a profusão
de pelos pubianos deve ter mais utilidades do que desconfiamos e
inadvertidamente nos depilamos à brasileira.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEic7yKhxIjToxD7YvhNhguh8lxQLf2wczwm8Sk_PFzP0exaGNVb8t9NGa-7-bHca7e5gypyNFdjCJjCeDRs-cxmJufy-JNRTp_Qegf-rRNqZZvUf9fMZDYScKTqjPNhBGbkoOiasO3PYg5C/s1600/DEPILA%25C3%2587%25C3%2583O.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEic7yKhxIjToxD7YvhNhguh8lxQLf2wczwm8Sk_PFzP0exaGNVb8t9NGa-7-bHca7e5gypyNFdjCJjCeDRs-cxmJufy-JNRTp_Qegf-rRNqZZvUf9fMZDYScKTqjPNhBGbkoOiasO3PYg5C/s320/DEPILA%25C3%2587%25C3%2583O.jpg" width="254" /></a></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-49126339114098087532016-03-11T15:24:00.001-08:002016-03-24T14:55:13.027-07:00Arquitetura Darwin<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Lázara, a agente de viagens do Cerrado, nos enviou uma mensagem pelo celular que só lemos ao posar: “Bleno vai buscá-las”. Bleno ou Breno - essa era a questão! Todo mundo digita errado no celular, mas o R tá a quilômetros do L no teclado! Era Bleno, mesmo! Ele nos pegou em um carrinho de passeio. A noiva veio junto, muito provavelmente para garantir que nenhuma das cariocas iria roubar o homem dela. É justo ser precavida nos tempos de hoje. Assim, depois de cinco horas de voo fomos, as três que temos ombros largos, compactadas no nosso transfer de Palmas para Ponte Alta. E é chão. </span><br />
<span style="font-family: verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Chegamos às duas da madrugada, horário que faz de qualquer cama um paraíso. Enfeitando o lençol, que era econômico no número de fios e também na largura e comprimento, um regalo de cortesia. Adoro brindes, falo logo. Tenho essa mania, como diria JC “de pobre” de guardar shampoos, sabonetes e hidratantes de hotéis. Uma vez trouxe uns dez vidrinhos de geleia (ou melhor uns quinze ou seriam vinte?) de uma viagem a Paris. Sabem o que fiz com eles? Guardei todos no armário da dispensa e fiquei ali colecionando-os. Ai Marlene, nossa cozinheira (também conhecida como a “rainha do cangaço” pela delicadeza) quando tinha aquela larica de doce, pegava um daqueles miniaturas de confiture Bonne Maman e comia com o dedo. Muito chique! </span><br />
<span style="font-family: verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Mas mesmo para uma colecionadora compulsiva como eu, os brindes da pousada eram o fim! Ganhariam o top ten na categoria mixuruca. O kit surreal, sem assinatura de Salvador Dalí, era composto por: um carpaccio de sabonete, que pela espessura podia ser confundido com uma hóstia consagrada, e um caramelo! Os sabonetes por lá ficaram, mas a minha caçula traçou as balas. </span><br />
<span style="font-family: verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Como não tinha armário, Júlia decidiu guardar as roupas nas prateleiras da geladeira. O que não foi uma boa ideia, porque dias depois a Isabel decidiu guardar mortadela no mesmo local... </span><br />
<span style="font-family: verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Quando era adolescente, com amigos durangos kids, tive a oportunidade de descobrir que o mundo da hotelaria não se resumia a classificação das cinco estrelas. Existe um alfabeto inteiro abaixo de uma estrela. Um conhecido morou em um hotel que era classificado com a letra D... e vou poupá-los da descrição do quarto. </span><br />
<span style="font-family: verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: verdana, sans-serif;">Onde secar as toalhas? Certas questões simples do dia a dia, algumas vezes se tornam complexas, quando a arquitetura não está a nosso favor. Estando as paredes da nossa pousada um pouco úmidas, os ganchinhos do banheiro se soltavam com o peso das toalhas. Onde secar as roupas molhadas? Lázara, a agente de viagens do Cerrado, solucionou a questão de forma digamos original, dando a ideia que pendurássemos nossas coisas no fio da internet. E, verdade seja dita, a internet nunca caía!</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdDVWWpYPgYDAfPY1jyhkOOQ0mrUZmH502QdSUSW2dmaqTzqKX6CVoxYjhToN6AJrdON_US4McV80BCEEZ74bMpP87IO-eMioqEoHwcujFmSDbZhYjwLAiRU163Dj4e1U8UYzgC0KfwUbS/s1600/geladeira-mortadela-mana.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdDVWWpYPgYDAfPY1jyhkOOQ0mrUZmH502QdSUSW2dmaqTzqKX6CVoxYjhToN6AJrdON_US4McV80BCEEZ74bMpP87IO-eMioqEoHwcujFmSDbZhYjwLAiRU163Dj4e1U8UYzgC0KfwUbS/s400/geladeira-mortadela-mana.jpg" width="300" /></a></div>
<span style="font-family: verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-68821065120000613422016-01-14T18:37:00.002-08:002016-01-15T14:28:20.031-08:00A saga dos hasmters<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">No ano
em que me separei do pai das meninas, a caçula perguntou se o Papai-Noel trazia
coisas vivas. De bate pronto, respondi que não. Pequenos animaizinhos não
sobreviveriam à longa viagem de trenó, e “coisa vivas grandes”, além de ocupar
muito espaço, fariam uma bagunça tremenda, comprometendo a entrega dos
presentes. Foi uma resposta deveras convincente – ou, ao menos, bastante
plausível –, e crianças são seres crédulos. Mas eu sou uma trouxa. Deve ser
culpa do ascendente, do horoscopo chinês ou de alguma pendência de encarnações
passadas.... pois não me aguentei e voltei de marcha a ré. Pensei:
Tadinha, este ano todas as outras crianças (exceto ela e a irmã) vão estar com
o pai no Natal, não custava nada o Papai-Noel fazer uma forcinha e trazer um
bichinho.... E eu, que não sou nada competitiva, logo virei o jogo da minha
derrota. Vai ser a única criança com um presente que anda. Vamos arrasar!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Então
decidi por um<span class="apple-converted-space"> </span><i>hamster</i>. Um
só, porque roedores são um perigo no quesito empolgação, eles se reproduzem em
progressão geométrica. Basta um casal e um piscar de olhos e já temos uma
paródia dos pássaros de<span class="apple-converted-space"> </span><em><span style="font-family: "Verdana","sans-serif";">Hitchcock</span></em>.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Na
noite natalina, o Papai-Noel decorou lindamente o texto e desempenhou seu papel
à altura dos atores ingleses. Quando tirou de dentro do saco vermelho a gaiola
com a<span class="apple-converted-space"> </span><i>hamster</i><span class="apple-converted-space"> </span>castanha, fez-se um silêncio na sala.
Isabel, com seus cinco anos, não piscava os enormes olhos pretos e chupava os
dedos em ritmo acelerado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Assim
veio ao nosso mundo, nesse<span class="apple-converted-space"> </span><i>debut</i><span class="apple-converted-space"> </span>triunfal, Esmeralda, batizada com o
nome da protagonista do desenho animado que era a sensação daquele verão.
Inauguramos, nesse dia, na nossa nada pacata vida doméstica, a dinastia das<span class="apple-converted-space"> </span><i>hamsters</i>!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Deveria
continuar dizendo que se passaram anos, só que não. Esmeralda não durou muitos
verões. Culpa minha. Um dia, sabe lá por que motivo, achei que ela ia se
distrair admirando a vista e pus a gaiola no peitoril da janela. Acontece que<span class="apple-converted-space"> </span><i>hamsters</i><span class="apple-converted-space"> </span>são fugitivos em potencial. Os bichos
abrem qualquer tranca, e daí para voar sete andares foi um instante. A
senhorinha que morava no térreo avisou ao porteiro que tinha caído um
brinquedo. Lembrei do coiote estatelado do<span class="apple-converted-space"> </span><i>Cartoon</i> Papa Léguas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Esmeralda
foi para o céu dos roedores, era uma ratinha fofa, e eu arranjei mais um
problema para a coleção. Isabel estava na escola, tínhamos poucas horas para
encontrar uma sósia. Não devia ser muito difícil. Para garantir o sucesso da
missão, nos dividimos em zonas de atuação. A secretária do meu pai (que faz de
bolo a maquiagem) foi procurar no Centro, a cozinheira lá de casa pegou um táxi
e seguiu para o Rio Sul, o namorado novo foi checar as<span class="apple-converted-space"> </span><i>petshops</i><span class="apple-converted-space"> </span>na Tijuca, e eu fiquei coordenando os
trabalhos. Só que justamente essa semana as<span class="apple-converted-space"> </span><i>hamsters</i><span class="apple-converted-space"> </span>cor de areia dourada estavam em falta.
A cozinheira, para não chegar de mão abanando, me apareceu com duas ratas
cinzentas que davam medo e nem passaram da porta.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Quando
a mãe de Esmeralda voltou da escola, sentamos para conversar. O assunto era delicado
e exigia concentração. Expliquei que a ratinha estava doente, que tinha ido ao
veterinário e que talvez ela mudasse de cor. As crianças são seres
esquisitos e acreditam em coisas bizarras, graças a Deus! Não estudo
psicologia, mas tenho certeza de que Freud, que teima em jogar toda a culpa do
mundo nas nossas costas, afirmando, sem pestanejar, que as mães são a causa de
todas as neuroses dos filhos, desta vez, só desta vez, teria razão. Pensando
bem, também teve o ano em que eu viajei para o Vietnã e instruí ao pai que não
contasse a Isabel que era aniversário dela, para depois comemorarmos juntas,
mas ela acabou descobrindo pela data do jornal... O que importa é que, para
minha surpresa, Bebel aparentemente não só não deu muita pelota para a notícia,
como também cogitou se então a<span class="apple-converted-space"> </span><i>hamster</i><span class="apple-converted-space"> </span>poderia voltar na cor branca.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">A
segunda geração. Esmeralda voltou duplicada, branca e castanha. A culpa me fez
dobrar as confusões.<span class="apple-converted-space"> </span></span><i><span lang="FR" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Malheureusement<span class="apple-converted-space"> </span></span></i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">a clone
castanha não era tão boazinha e, volta e meia, Esmeralda 2 – a Missão tascava
uma dentada em um desavisado. Já a amiga branquinha tinha uma saúde de Dama das
Camélias e morreu jovem de morte morrida – e não suicidada como a antecessora.
É importante dizer que Isabel passou 10 anos sem suspeitar de nada, até que um
belo dia a fofa da avó revelou a tragédia da<span class="apple-converted-space"> </span><i>hamster</i><span class="apple-converted-space"> </span>voadora. Se mãe dá trauma, imagina avó
(duas vezes mãe)!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Partimos
para a terceira geração das<span class="apple-converted-space"> </span><i>hasmters</i>...
Para vocês verem como uma boa ideia dá frutos em cascata... Outubro, presente
do Dia das Crianças: Esmeralda 3. Essa tinha temperamento dócil, mas, tal qual
suas antepassadas, à noite parecia ter bebido de canudinho meia dúzia de
energéticos e corria na rodinha como uma malhadora compulsiva. E o cheiro de
xixi de rato empesteava o ambiente para todo o sempre, amém!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Um dia,
estava trabalhando quando recebi o telefonema: “Mãe, aconteceu uma coisa muito,
muito triste. Joaquim comeu o presente do Dia das Crianças da Isabel”. E assim,
de morte matada, foi-se embora para a terra dos pés juntos, despachada dessa
para melhor pelo</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">Dachshund,</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">também morador da</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;"> </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">maison</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;">, nossa última Esmeralda!</span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 11pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf7Jb1TjNwBiY5vU7rsEOafAgG8d3fn-WQGoMbtTiVn5cu-LsYRqxq8t1LEL2MTER9KSiBvhY_FbYKDQqLfJtOxGoMMddkZ1V5ENONzQtwKNzcnNqbScAjbyKhqhTOLQ0ixaO4uOPC8OyX/s1600/Esmeralda.gif" imageanchor="1"><img border="0" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf7Jb1TjNwBiY5vU7rsEOafAgG8d3fn-WQGoMbtTiVn5cu-LsYRqxq8t1LEL2MTER9KSiBvhY_FbYKDQqLfJtOxGoMMddkZ1V5ENONzQtwKNzcnNqbScAjbyKhqhTOLQ0ixaO4uOPC8OyX/s400/Esmeralda.gif" width="400" /></a></span></div>
</div>
</div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-21003163795670038812015-12-07T16:37:00.002-08:002016-03-23T10:36:54.905-07:00No coração do Brasil <div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Um daqueles dias em que minha
adolescente de estimação estava me enlouquecendo, passei umas nove mensagens no
<i>WhatsApp</i> pedindo um <i>help</i> à psicanalista dela. Recebi uma resposta
lacônica: “Negocie com ela”. Digamos que M – a psicanalista – não é lá
muito prolixa... Aí me lembrei da mãe de uma amiga de JC que tentava ser
moderninha e só passava mensagens com <i>emojis</i>,
aqueles desenhos cafonas do aplicativo do celular. A filha gastava horas, com a
ajuda dos universitários, tentando decifrar o enigma materno, que nem a Esfinge
de Tebas teria proposto. Então, encarei a resposta de M, desta forma:
"Decifra-me ou devoro-te!".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Nós, judeus, temos um humor um
tanto peculiar, muito apreciado pelos fãs de Woody Allen e Groucho Marx... Em
outubro, minha mãe – no caso a avó judia da história – sugeriu um programa
incrível de “presente” para a neta e a levou para Inhotim. Como minha
adolescente de plantão não gosta de arte contemporânea, não gosta de calor e
não gosta de andar, ela simplesmente, para nossa surpresa: odiou! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Então, quando as férias de
verão chegaram, antes de presenteá-la com outro elefante branco, o “negocie com
ela” ecoou em meus ouvidos. Como Édipo às portas de Tebas, eu teria
que resolver o quebra-cabeça ou seria devorada. E não era assim tão difícil, o
problema é que a resposta pode estar ali, na nossa fuça, e a gente não enxergar.
Negociar era o primeiro passo. Às vezes, em se tratando de batalhas e guerras, nós,
mães, podemos deixar de ser tão Wladimir Putin para ser mais Mujica...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Nessa barganha, de cara,
descartamos as praias. Minha <i>twenty-four-seven</i>
<i>teenager</i> não gosta de areia, porque
afunda; não gosta de mar, porque a água é salgada e não gosta de calor, porque
é calor. São três “nãos” em um só cenário... Deleta essa opção. Acabamos
chegando à conclusão de que ela queria uma praia de rio, com água doce, mas que
não precisasse andar muito – ou seja, nada de trilhas. Abrimos o mapa e encontramos
nosso destino: o Jalapão! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pergunta valendo 10 pontos: em
que estado fica o Jalapão? Vou logo explanar que vários amigos do Face
confessaram depois que achavam que eu estava na Ásia. Afeganistão, Azerbaijão,
Cazaquistão, Paquistão, Quirguistão, Tajidquistão, Turcomenistão, Uzbequistão e
Jalapão! Faz todo sentido! Sufixos são elementos isoladamente insignificantes
que, acrescentados a um radical, formam uma nova palavra. Sua principal
característica é a mudança de classe gramatical que geralmente opera. Nesse
caso específico, o singelo “ão” conseguiu uma façanha extraordinária: deslocar
uma área de quase 34 mil km² para o outro lado do planeta em um piscar de olhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas não
respondi à pergunta. Em que estado <u>do Brasil</u> fica o parque do Jalapão?
Gláucia – que se expressa em um português corretíssimo –, foi uma das poucas
pessoas a acertar a questão: no Tocantins. Eu, enquanto isso, nem tinha
conhecimento de que o estado de Goiás havia se dividido. Mas minha desculpa é
boa porque esse racha foi em 1988, quando eu já não sentava nos bancos
escolares e, portanto, não estava muito atenta à geografia que acabara de
pintar no azul da nossa bandeira a vigésima sexta estrelinha. É preciso
confessar, abençoamos o dia em que finalmente nos libertamos do Ensino Médio, e
a infeliz tabela periódica, a ordem dos planetas no sistema solar, os
afluentes do Rio Amazonas, assim como os estados e suas respectivas capitais não
nos afligem mais. O pior é que tá tão bem decorado que não consigo deletar da
memória <i>ram</i> o macete do menu completo
que minha velha trouxe “Sopa, uva, nozes e pão”. E Plutão faz essa sem-vergonhice
de deixar de ser planeta e tira toda a sustância do meu jantar. Lá se foi o
carboidrato. Uma dieta sem glúten.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Por sorte,
ninguém quer ir para o Centro-Oeste na estação das chuvas, e as passagens
aéreas estavam uma pechincha: R$400,00 por pessoa! Ida e volta, porque ninguém
quer ficar lá... D. Ana Maria, a avó, conhecia Lazara, a agente de turismo que
é a cara do cerrado, e em uma noite tudo estava resolvido. Ou quase tudo,
porque nesse verão a JC – esquadrão da moda – informou-me que boné era o “ó” e
que o "certo" são as viseiras, mas nós só tínhamos uma em casa. Entretanto,
JC não tinha <i>expertise</i> na passarela
do Brasil central, como logo testemunharíamos...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Nosso voo fazia escala em Brasília.
Quando todos os passageiros que iam para Palmas, capital do Jalapão, sentaram
em suas devidas poltronas, percebi que a estética do coração do Brasil era um
pouco distinta. Onze horas da noite, dentro do avião, sem nenhuma chance de um
ínfimo raio de sol, metade dos passageiros estava de boné, e nenhunzinho, de
viseira! Avisei às meninas que as enquadraria na moda local assim que
chegássemos em terra firme e adquiriria um boné <i>pra</i> cada uma com dizeres obrigatórios dos <i>recuerdos </i>de férias “I Love Jalapão”.</span><o:p></o:p><br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiod5YClh3EzWsApr45YbvJYCQHpU0_jObvPcE0XXlOZZxk66zcoXU1lAtX07GQJysKLyG4SRNvW_T47xmCSX2gWFVKNvStyoc-QTvxnD34IQDWxs_6Z7ilkrf6af7IelkxDlT5VJNgn70e/s1600/Jalapa%25CC%2583o-web.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiod5YClh3EzWsApr45YbvJYCQHpU0_jObvPcE0XXlOZZxk66zcoXU1lAtX07GQJysKLyG4SRNvW_T47xmCSX2gWFVKNvStyoc-QTvxnD34IQDWxs_6Z7ilkrf6af7IelkxDlT5VJNgn70e/s1600/Jalapa%25CC%2583o-web.jpg" /></a></div>
</div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-90731610560683895902015-12-04T06:43:00.000-08:002015-12-04T14:18:20.392-08:00Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas, se não os temos, como sabê-lo?<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif"; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ontem, Patricia e a filha XX tiveram
um embate. Não posso citar nome de menores; embora o Governo tenha votado pela
maioridade penal, sou contra. XX cismou que só tinha um short que lhe caía bem,
mas justamente esse estava de molho no balde. Ao que parece, o estado líquido
da veste não era um dado que fizesse a jovem desistir do figurino. A mãe avisou
que a infeliz não ia sair vestida de H<sub>2</sub>O. Como toda adolescente, XX
é bocuda e retrucou na lata: <i>tou</i> de
Carefree. No toma lá, dá cá, a progenitora também não saía perdendo, tinha
feito curso de Direito e era muito boa em argumentação, de modo que, para
defender seu ponto de vista, entrou na área da Biologia. Esclareceu que estava
ciente de que a perereca era um ser anfíbio, mas apostava cinco contra um que
havia grandes chances de a dita-cuja contrair um resfriado. Um absorvente fininho
de uso diário, de certo, era proteção insuficiente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif"; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ocorre que, em algumas partidas, a
contagem de pontos não é razoável. Por exemplo, em um jogo de tênis, o primeiro
ponto é o 15, o segundo ponto: 30. Até aqui tudo ok, estamos nos múltiplos de
15. E aí vem o terceiro ponto: 40? Que nexo tem? Eram analfabetos matemáticos
os inventores do jogo? E o quarto ponto, o que fecha o <i>game</i>, que nem número tem? Por isso que JC sempre diz que só entende
competições em que ganha quem chega primeiro. E naquele ringue onde duelavam mãe
e filha, ninguém chegava a lugar algum.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif";">Porém,
para passar pela porta, a “de menor” precisava ceder um pouco. Analisando
friamente a situação, XX recuou um passo e foi, vestida com o tal short aquático,
secar os países baixos. Como? Com o secador. E antes que XX testasse como
segunda opção a sanduicheira, Patricia entregou os pontos e deixou a filha e o
short irem para <i>night</i>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif";">Contam
que uma vez, ao sair do teatro, perguntaram à escritora de folhetins Janete
Clair o que ela havia achado da peça. A grande autora de novelas da TV
brasileira, muito prática, respondeu: que pena gastar um enredo tão bom em
apenas duas horas! Pois a vida imita a arte, ou melhor, as telenovelas. A
história tinha mais um capítulo. E no dia seguinte, não foi preciso nem esperar
o horário nobre... antes do almoço, a mãe encontrou pedaços de cigarro no bolso
do tal short. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif";">Patricia
é uma mulher democrática, ela defende que cada um tem direito a sua opção alimentar,
política, sexual, religiosa, literária, sexual, e futebolística. Mas fumar não
é uma escolha, é uma burrice! Assim, justificadamente iracunda, digitou uma
mensagem para XX, que estava na escola, comunicando que a jovem estava de
castigo. A criatura respondeu por WhatsApp que o cigarro era da amiga (que não
tinha bolso) e que nem deu para fumar, porque estragou no short molhado...</span><span style="font-family: "verdana" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif";"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif";"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeo9smCD44vnstn0Lexl9vMu3G276kQBE72ul3r54TJtTgceFqMMdTzXrvbMp4-60CWiI1k3rXhPtIxADu2A-qgjqh-t8fNPy6z9aosIHwVw_TvHFtsxc5hodXJOg0S1TO_m39I5OpreDd/s1600/sereia-fumante.jpg" imageanchor="1" style="font-family: verdana, sans-serif;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeo9smCD44vnstn0Lexl9vMu3G276kQBE72ul3r54TJtTgceFqMMdTzXrvbMp4-60CWiI1k3rXhPtIxADu2A-qgjqh-t8fNPy6z9aosIHwVw_TvHFtsxc5hodXJOg0S1TO_m39I5OpreDd/s640/sereia-fumante.jpg" width="298" /></a></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-72080832175604842042015-12-03T10:56:00.001-08:002016-03-25T10:27:10.244-07:00Cão chupando manga<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tive que operar o meu cachorro salsicha.
Descobri que dentro da barriga do "Cruzcredinho", que estava gigante,
tinha um caroço de manga. O caroço já estava fazendo aniversário, porque as
mangueiras do Parque Guinle deram frutos até fevereiro, como estamos em julho...
Lá se foram o verão e uns quatro meses. Divulguei que, infelizmente, estava
indo operar um dos últimos machos-espada do pedaço. Pois é, a manga não era
Carlotinha! Na noite anterior, CA, uma amiga, falou que não ia trazer a cão-guia
dela aqui, porque o pug Zé <i>tá</i>
procurando uma namorada (e ela não quer filhotes sem focinho) e ela (também)
não quer que o Quincas plante um pomar na Golden retriever dela. Sogra exigente
que é, vai acabar com a filha encalhada, porque, como anuncia uma amiga do
mercado financeiro: o mercado não está comprador. Eu, por exemplo, já estou
economizando para o dote das minhas duas filhas. Quem poupa tem... genro!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aí cheguei em casa com o Joacão
(outro apelido do Dachshund<span style="background: white; color: #222222; font-size: 10.0pt;">)</span> no colo e o caroço de manga – a prova
do crime – na mão. E... surpresa! Um cano da vizinha do andar de cima tinha
rompido e, no nosso corredor, jorrava uma cachoeira. Olha que coisa boa; estar
em plena cidade e usufruir das delícias da vida no campo! Só que não!</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O porteiro, que costuma ser um sinônimo de
“faz-tudo”, mas no meu prédio é um “faz-nada”, não tomava uma providência. Eu suo a camisa para não conjugar o verbo “irritar” na voz reflexiva. Abre parêntese, inclusive sou uma mulher que deveria valer
ouro, porque vim ao mundo sem TPM – fecha parêntese. Todavia, fui obrigada a sair
do “modo avião” a fim de que o dito-cujo zelador, que por nada zela, levantasse
o traseiro de seu posto – e supostamente tentasse identificar
o registro da coluna d´água. Mas ele estava de braços cruzados (bem vi na TV
que mostrava a portaria), provavelmente me xingando, o que não posso jurar, uma
vez que as câmeras ainda não têm som. Quer dizer, não dá para trocar de roupa
no elevador – vai que o porteiro está atento –, mas <i>super rola</i> de soltar um pum (com cara de paisagem, para não se
denunciar), fazer confidências ou pronunciar palavras de baixo calão, porque o
cinema é mudo no térreo.</span><br />
<div class="MsoPlainText">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quem diria que nosso edifício Dalton, com ares
modernistas, construído na década de 1960 pelo escritório de arquitetura dos
Irmãos MMM Roberto, já é parte do futuro profetizado pelo romance <i>Admirável Mundo Novo</i>, com câmeras espalhadas
por todos os cantos que tudo registram, mas ainda tem um elevador social que
funciona dia sim, dia não. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois voltei ao meliante, que
havia ingerido o objeto agora identificado e confirmado. A batalha do dia ainda
estava em curso, havia mais tarefas a serem vencidas. Com um certo malabarismo,
optei por vestir o Quim com uma fralda de bebê – fazendo um buraco para o rabo –,
porque fralda canina não é vendida na esquina. Tanta Drogaria Pacheco por aí
(acho até que <i>tá</i> valendo mais comprar
ações da farmácia do que da Petrobras), e nenhum visionário ainda pensou em
abrir uma versão Pacheco´s Pet 24 horas... Fica a dica!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Bem, nesse dia que não
terminava, ainda assisti, na sala democrática, à epopeia do NETFLIX. Em outras
palavras, já inventaram controle remoto, <i>wi-fi</i>
que pega até na banheira, programas que baixam filmes nos <i>tablets</i>, e amanhã vai dar para ver filmes até no relógio, mas as
brigas pelo sofá continuam. Quem tem uma família em que não se escuta a frase
“Pedi primeiro!”? Esse é um prazer dos celibatários convictos que ouviram a voz
da razão e não só não casaram, como não procriaram. Mas, sinceramente, vou entregar
os pontos e entrar nesse mérito em outro momento – ah, <i>tou</i> sempre adiando as coisas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="text-align: justify;">Sabe aquelas horas em que você
não sabe se hasteia a bandeira branca ou se tem um acesso de riso? Até porque
chorar não adianta... Bem... </span><i style="text-align: justify;">C'est la vie</i><span style="text-align: justify;">,
que nem sempre é </span><i style="text-align: justify;">La vie en rose</i><span style="text-align: justify;">.</span></span><br />
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz_FEwozJL6-934AklzYHeh6xpFBbyhUB2NMtjZN9Za5FXWuUw53KVeE8Meq_5gbuv7mCNFCK9of8nNEhpdtaXygHFulzS7Pcv4lwc_ZYZPdwVotABv5cjVArgp7_-Z356U2ERcQWDshxg/s1600/Quincas-a-manga-e-o-porteiro.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz_FEwozJL6-934AklzYHeh6xpFBbyhUB2NMtjZN9Za5FXWuUw53KVeE8Meq_5gbuv7mCNFCK9of8nNEhpdtaXygHFulzS7Pcv4lwc_ZYZPdwVotABv5cjVArgp7_-Z356U2ERcQWDshxg/s400/Quincas-a-manga-e-o-porteiro.jpg" width="370" /></a></div>
</div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-36949189448326054252015-11-24T10:15:00.004-08:002016-03-23T10:57:43.277-07:00O Deus que habita em mim, saúda o Deus que habita em você.<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<div style="clear: both; text-align: justify;">
<div style="clear: both;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">JC, judia, tem um pretendente católico. O rapaz leva um terço no carro. Quando soube disso, logo indaguei se o santo rosário ficava pendurado no retrovisor, o que esteticamente vocês sabem... Mas, graças a Deus, o artigo religioso fica guardado no porta-luvas, esse compartimento do veículo que armazena os mais variados itens relevantes aos motoristas precavidos ou esquecidos pelos condutores de outro naipe, como eu. Aliás, outro dia, do nosso porta-luvas, que em muito se assemelha a um “achados e perdidos”, brotou um quipá. O solidéu é usado pelos judeus em ocasiões solenes e de devoção para lembrar que Deus está sempre nos observando. Como o quipá foi parar ali ao lado do CD da Mart'nália? Essa é a pergunta que deveríamos fazer ao rabino de uma congregação mais liberal. Talvez Deus quisesse escutar “Vou arrancar sua saia e pôr no meu cabide só pra pendurar / Quero ver se você tem atitude e se vai encarar”.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Religião nunca foi uma questão levada a sério na minha família. Encaramos o judaísmo mais como uma questão cultural do que religiosa. O primeiro jantar oferecido pelos meus pais recém-casados aos amigos da comunidade tinha como menu: casquinha de siri (os siris foram comprados vivos na Barra e limpos um a um), lombinho de porco e musse de chocolate. Os convidados eram judeus ortodoxos, clientes do escritório de advocacia do meu pai, que não achou relevante mencionar à jovem esposa a religiosidade dos convivas. Nem o cafezinho eles tomaram! E aposto que nessa noite meu pai perdeu uma boa fatia do mercado. Já minha mãe ganhou alguns quilos extras dando conta sozinha dos pratos salgados e da travessa de sobremesa.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por isso, estranhamos quando JC nos comunicou que faria bat mitzvá. Ritos de passagem que marcam o fim da infância e a passagem para a vida adulta são comuns em várias culturas. No judaísmo, ao completar 13 anos, o jovem atinge a maioridade religiosa e, pela primeira vez, é chamado a ler a Torá. A palavra mitzvá significa mandamento que deve ser cumprido e início de uma “conexão” com o Todo-Poderoso. A festa merece destaque igual ao dos casamentos no calendário familiar, mas normalmente é reservada aos descentes masculinos na árvore genealógica. Pois é, o machismo está presente nas três grandes religiões monoteístas. Mas, se assim foi posto, não é obrigatório que se perpetue.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Suely trabalha com psicóticos. Tem uma paciente que acha que é Deus e só aceita assim ser chamada. Muitas vezes, ela liga para o posto de atendimento e diz: “Advinha quem está falando?”. Quem erra a resposta é claramente um infiel, porque não está ouvindo a voz divina. E, assim como na vida real, Deus raramente aparece... mas telefona com frequência. Outro dia, Deus estava com um problema sério, vestia saia. “Onde já se viu Deus de saia?!” – questionou. Suely, do lado de cá da linha, tentou ajudá-la, sugerindo que procurasse outra opção em seu armário. Mas parece que era o único figurino disponível. Então Suely tranquilizou-a: “Assim é melhor, não é, porque reforça o disfarce?”. As duas concordaram, e Deus ficou feliz com sua saia de algodão lá em Irajá.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No candomblé, não há diferença entre o sacerdócio feminino e o masculino. Mãe de santo manda tanto quanto pai de santo. E curiosamente a casa mais antiga de candomblé, a Casa Branca do Engenho Velho, fundada no século XIX, desde seu início só aceita iniciar mulheres. O candomblé surge como a primeira instituição feminista no Brasil. Cabe uma pesquisa do espiritismo, hinduísmo, budismo etc. No meu humilde ponto de vista, acho que Caetano tem razão: “Deus é menino e menina”...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Voltando à equação JC / bat mitzvá e nossa estranha família, tentamos, a princípio, dissuadi-la. Se ela queria uma festa, a gente podia fazer uma, não necessário o lance da sinagoga. Mas não, JC tinha decidido que queria afirmar sua religião. O pai foi batizado, eu nasci do ventre de mãe judia (logo, sou judia), mas festejamos o Rosh Hashaná, o Yom Kippur e durante muitos anos, no Natal, contratávamos um Papai-Noel que vinha de táxi de Niterói, porque não íamos perder essa festa. Só que uma vez substituíram o Bom Velhinho, e o novato, não conhecendo o protocolo da maison, começou sua fala dizendo que estávamos ali reunidos para comemorar o nascimento de Jesus. Foi necessária a rápida intervenção de um tio que cochichou em seu ouvido: texto errado, amigo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então, se JC queria ter aulas de hebraico, conversar com o rabino e ler a Torá, ok. “Roma locuta, causa finita”, Roma já falou, fim de papo! E verdade seja dita, o avô materno, que só tem netas, ficou bem contente. E diferente do personagem principal do romance Buddenbrooks, de Thomas Mann, que decide que é o último de sua linhagem, JC decidiu dar continuidade à tradição dos Chindlers. Ela seguiu à risca o protocolo, mas a gente não ia conseguir tirar 10 em religião.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu estou sempre naquele tempo verbal “ainda não cheguei lá” e, assim, todos os preparativos são feitos nos últimos minutos do segundo tempo. Faltando apenas três semanas para a festa, comecei a produção dos convites. Achei que ficava sofisticado uma citação da Bíblia em hebraico com tradução em português. Alguém da sinagoga sugeriu este trecho “Bendito seja nosso D´S Rei do universo que nos fez viver, que nos fez existir e que nos fez chegar a esse momento”. Mas aí os problemas começaram. Nossos computadores não tinham teclado com as letras em hebraico e ainda não havia sido inventado o Google translate. Encarecidamente solicitamos à secretária do rabino que o trecho fosse traduzido e enviado por e-mail. Os funcionários do templo alertaram que não daria certo, porque não tínhamos o programa para essa língua, e o texto perderia o formato original. Foi preciso enviar um portador à sinagoga para que ele nos trouxesse um disquete. Abrimos o texto no programa de imagem, e eu, que apenas conheço as letras e sei que hebraico se escreve ao contrário, ou seja, da direita para a esquerda, confirmei para o designer que estava tudo certo, de modo que os convites foram impressos e distribuídos. Como vocês verão, me saí uma grande revisora...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na véspera da cerimônia, como era de bom tom, meus pais foram entregar em mãos um convite para o rabino, que ao lê-lo arregalou de tal forma os dois olhos que estes ficaram mais salientes do que os do ator Marty Feldman. Minha mãe saiu de fininho da sala e me ligou correndo, perguntando quem tinha me passado o texto. Nós, que não valemos nada, já começamos a rir, imaginando que a secretária havia trocado os disquetes e nos enviado uma nota fúnebre convidando para a reza de algum falecido Jacob. Ou quem sabe o anúncio de um Brit Milá (circuncisão), esse, sim, um evento religioso exclusivo dos meninos, por motivos óbvios. Infelizmente, em seu escritório, o rabino não compartilhava do mesmo senso de humor. Mesmo atarefado com os preparativos de sua prece, ele precisava descobrir o que havia acontecido. E não foi necessário contratar nenhum Sherlock Holmes para chegarmos ao veredito final: a culpa era toda do Corel; o texto não havia sido salvo como imagem, e o programa misturou todas as letras ao abrir o arquivo. Em suma, em nosso convite não estava escrito nada em hebraico. Adoramos! O que são as grandes celebrações sem boas histórias para contar no futuro?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Devo dizer que 60% dos nossos amigos são ateus, católicos, espíritas, flamenguistas, tricolores, vascaínos e uma minoria botafoguense. Dos 40% judeus, metade, familiares, e apenas 2%, alfabetizados em hebraico. Então ninguém reclamou. O único receio da minha mãe era Paulete, mas essa amiga 100% judia, graças ao Senhor um tanto quanto dispersa, apenas comentou “achei muito original o convite escrito em aramaico!”.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É no bar mitzvá que o jovem sobe, pela primeira vez, à Torá. Essa chamada recebe o nome de aliá (subida) e compreende a leitura, de um trecho do texto bíblico, iniciada e finalizada com uma benção. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Já profetizava o filósofo alemão Nietzsche no conceito do Eterno Retorno. "E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência (...) A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez, e tu com ela, poeirinha da poeira!".Tudo já aconteceu e acontecerá de novo!</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Voltamos ao primeiro jantar dos Chindlers... A parashá, o texto da Torá, que JC recebeu para ler era a respeito de comida kosher. Aposto que o trecho foi escolhido a dedo por Deus para enquadrar a nossa família. Kosher são alimentos que foram preparados de acordo com as leis bíblicas. Entre as carnes de animais terrestres, poderão ser kosher apenas as de ruminantes com casco totalmente fendido, como as carnes de boi e carneiro. O porco, embora tenha o casco fendido, não é ruminante, portanto, lombinho de porco nem pensar! Do mar, só os peixes de barbatanas e escamas, tais como sardinha, salmão, robalo e atum. Frutos do mar, como camarão e casquinha de siri, estão fora também! Então, no almoço que sucedeu à solenidade do bat mitzvá com o rabino convidado, não rolou linguiça no feijão!</span></div>
</div>
<div style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="text-align: justify;"><br /></span></span> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzFNgjghyphenhyphenK8K5SED2k1EBZhI6WqEfPwRjWvOfB_ocEL2m9KzzQFkO-pywoK49epT8bXtB3VQzIA24USyLbbZDq7RQu89g-EFq-Stjpy5J2FYbvpR-I0cvzns8y8Mpyg4tYfMT5jG0iOYr9/s1600/33-chagall-moses.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzFNgjghyphenhyphenK8K5SED2k1EBZhI6WqEfPwRjWvOfB_ocEL2m9KzzQFkO-pywoK49epT8bXtB3VQzIA24USyLbbZDq7RQu89g-EFq-Stjpy5J2FYbvpR-I0cvzns8y8Mpyg4tYfMT5jG0iOYr9/s400/33-chagall-moses.jpg" width="277" /></a></div>
</div>
</div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-33351204539398801922015-11-16T14:29:00.001-08:002015-12-04T06:45:16.275-08:00Zoológico<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;">Tenho duas filhas. Uma jogou os dados
e andou cinco casas no tabuleiro, pulando olimpicamente esta fase negra, mais
maligna que a peste da Europa: a adolescência. Mas ninguém ganha duas vezes na
loteria. A caçula, por sua vez, parece um suco Tang – um concentrado </span><i style="font-size: 12pt;">teen</i><span style="font-size: 12pt;"> que venho diluindo aos poucos,
porque ninguém é de ferro. Um dia, no passado, quis ter quatro meninas. Mas,
como me falta a razão, o destino foi bondoso e me poupou da multiplicação.</span></div>
<div class="MsoPlainText" style="margin-left: 36.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Também tenho um Dachshund batizado
pelo ex-marido de Joaquim, que</span><span style="font-size: 12.0pt;"> ganhou a
opção dos prenomes: Quincas ou Joacão. Joaquim é uma</span><span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">
homenagem ao grande Joaquim Maria Machado de Assis é claro. Duvido que o
escritor acadêmico, tão solene como era, tenha ficado honrado com a lembrança.
Mas esse não foi o único equívoco... Cássio,
o ex, não faz parte da categoria de seres humanos tarada, ou pelo menos com
apreço, por animais domésticos. Já eu e suas filhas nascemos com pulgas no
sangue. Por isso, a batalha para que um cachorro entrasse pela porta de casa
foi árdua. Ao fim e ao cabo, ninguém venceu. Mas só chegaríamos a essa
conclusão tarde demais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O primeiro erro foi estético. Adoro Boxers, Buldogues, Boston Terrier e Pugs,
raças de cara amassada. Talvez no inconsciente, ache que justamente o focinho,
a parte da anatomia que define os cães, não lhes caia bem. E aí veio um Dachshund mais narigudo que o
meu avô materno – e olhem que o vovô Beto tinha uma nareba de fazer a festa de
qualquer caricaturista! Como ganhamos o cabo-de-guerra e conquistamos o direito
de ter um cão, o ex determinou a raça. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O novo integrante da família, que
veio habitar nossa <i>maison</i> com suas
quatro patas e seu focinho pontudo, de cara mostrou-se uma opção pouco adequada
para quem tinha uma filha pequena. Bassets não são nada tolerantes e não gostam
de crianças. E, para piorar, bebê Beloca, a mais nova, tinha – e tem até hoje –
uma forma única de acarinhar os animais. Ela os aperta em excesso, sendo igualmente
recompensada. Dachshunds não são cães pequenos, como pensei, apenas têm patas
curtas. Mas a mordedura é de tubarão. Assim, quando Joacão atacava, assistíamos
a uma cena de filme de terror, em que o </span><span style="font-size: 12.0pt;">ketchup</span><span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> era
sangue de verdade</span><span style="font-size: 12.0pt;">... </span><span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Em
dois anos, nossa caçula tomou quatro vacinas antirrábicas, isso porque a injeção
tem validade de seis meses. Quando a dose estava para vencer, já íamos lembrando-a
para que ficasse mais precavida, o que, é óbvio, não adiantava de nada. A
enfermeira do posto médico, que devia ter um humor semelhante ao da nossa
família, uma das vezes comentou: “Menina, tu é gostosa pra cachorro!”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="margin-left: 36.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Quem é distraído e tem coração mole
sempre pode ceder e acolher mais um membro na família. GD, minha filósofa de
plantão, tem essa linda máxima: “O que é um punzinho para quem está todo
cagado?”. Foi assim que abri a porta para mais um filho, um cão da raça Pug que
atende pela alcunha de Zé. Quando Zé faz besteira, o nome ganha pompa: “Quem
fez xixi aqui, Dr. José?”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;">Pug Zé é "filho" da minha primogênita
e do namorado Luís Roberto Graça Couto. Sua primeira infância foi passada em
Botafogo, onde deveria ter vivido toda a sua vida. Mas ele é fruto de um
relacionamento desfeito, como o de tantos outros jovens da geração que nasceu
depois dos anos 1990 – e principalmente no século XXI –, quando sequer os
aparelhos eletrônicos duram mais do que um ano, nem os lençóis resistem a qualidade
“branco total” dos sabões em pó e os relacionamentos terminam por mensagens de
texto.</span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Zé, como todos os Pugs, é enrugado
(completamente avesso a estética do botox), ronca à vera (culpa do focinho
achatado que provoca gracinhas do tipo “bateu de frente”), tem pelo macio e
cheiro de Cheetos. Já seu “papai” Luís Roberto é um rapaz moreno, bonitão, com
farta cabeleira negra, características que, unidas ao nome duplo com esse R
sonoro de RRRRoberto, lhe renderiam o papel de protagonista em uma fotonovela,
as novelas impressas que só quem tem mais de vinte e cinco anos já leu ou sabe
o que é. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Esse namoro foi longo e, apesar da
aprovação familiar com bandeiras tremulantes pró Luís Roberto, um dia terminou.
Foi quando o jovem ex-casal, sem
consultar um advogado da vara da família, decidiu, em comum acordo, pela guarda
“compartilhada” do filho canino: primeiro dia com a sogra Dani, segundo dia com
a sogra Dani e para sempre com a sogra Dani. Por isso, agora tenho dois
cachorros machos e uma poupança enorme para garantir a lavagem dos tapetes,
onde eles cismam de fazer xixi para marcar território. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Mamífero, como os outros, mas da
categoria dos roedores, a coelha Funny Bunny chegou em um Natal. Já vou dizendo
que veio sem ser convidada por mim, mas, como sou maluca, logo me tomei de
amores. Essa coleciona heterônimos, como Fernando Pessoa, embora não publique
poemas e não responda a nenhum deles. Faz-se de surda, "com ouvido moucos" como diriam os portugueses. Finge que as grandes orelhas de nada servem. Foi
batizada de Alice, mas o nome não pegou. Virou Tuelha. Eu escolhi Funny Bunny, inspirada
na embalagem do saco de ração e na cara da criatura. Mas o melhor nome é o de
guerra – Churchill –, escolhido não pelas famosas frases do ministro inglês,
mas sim por sua aparência rechonchuda, seu</span><em><span style="background: white; font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-style: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-weight: bold; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> </span></em><em><span style="background: white; font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-font-style: normal; mso-bidi-font-weight: bold; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">physique
du rôle</span></em><span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Interesseira de marca maior, só aparece
porque gosta de ser coçada e tem boca nervosa. Come folhas de cenoura, de
brócolis, de couve. Cenoura, beterraba, palmito. Ração. E de sobremesa, sua
iguaria predileta são as sandálias Havaianas. Funny mora embaixo da cama da
filha caçula e tem os mesmos olhos pretos da sua “mãe” Bebel. Dizem que os
cachorros se parecem com seus donos; pelo visto, os roedores, também. Funny não
faz jus ao nome e tem outra coisa em comum com a dona: o humor! O que não é
exatamente uma qualidade... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Um coelho fêmea não marca território,
mas tem TPM quando entra no cio. Não era nada de mais até descobrirmos que as
coelhas entram no cio a cada quinze dias... Churchill também é fruto de um
relacionamento desfeito. Então, fica a dica de quem tem experiência no assunto:
não deixe nenhum namorado dar de presente “coisas fofas que se mexem” no Natal
ou nos aniversários. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="margin-left: 36.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt;">Bem,
chegamos ao gato... Pois nosso lema
agora é: quem tem uma filha tem outra filha. Quem tem uma filha tem outra filha
e tem um cachorro. Quem tem uma filha tem outra filha, tem um cachorro e outro
cachorro. Quem tem uma filha tem outra filha, tem um cachorro e outro cachorro
e uma coelha. Quem tem uma filha tem outra filha, tem um cachorro e outro
cachorro e uma coelha e quem sabe um gato. Devido às incompatibilidades já
previstas, o felino foi adotado em parceria com os porteiros do prédio, motivo
pelo qual atende pela graça de Edifício Dalton e mora na portaria do 232. Ou
melhor, mora às vezes, porque, muito enciumada, descobri que ele também recebe
afetos dos seguranças da Churrascaria Gaúcha. Edifício Dalton é um malandro
carioca de olhos verdes que habita vários corações e come do bom e do melhor.</span><span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraph">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG5EodfKdkFjG7qrmEYe3a2BWXxs5uh13ThmiA_VirYMuUax5iaINh45mIThUCbp1XovSSpiXl5QVWZA7de-AGPm76Qz9nz1Mp5ealxac3d4ObE1bLf2MSV1wNYBjwhuXhaqNg2oEv-kP8/s1600/Funny-Bunny.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG5EodfKdkFjG7qrmEYe3a2BWXxs5uh13ThmiA_VirYMuUax5iaINh45mIThUCbp1XovSSpiXl5QVWZA7de-AGPm76Qz9nz1Mp5ealxac3d4ObE1bLf2MSV1wNYBjwhuXhaqNg2oEv-kP8/s640/Funny-Bunny.jpg" width="440" /></a></div>
<br /></div>
<br />
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Obs: A saga das hamsters será um
outro capítulo.<o:p></o:p></span></div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-28302637909835313242015-11-16T07:48:00.001-08:002015-12-05T09:30:29.623-08:00702, um apartamento laico<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Um
estado laico é oficialmente imparcial em relação às questões religiosas, não se
opondo a nenhuma crença. Assim é esse apartamento do sétimo andar, onde judeus
não praticantes convivem com protestantes, ateus, cristãos, seguidores da
doutrina japonesa Perfect Liberty e quem mais chegar. Infelizmente não contamos
com moradores ou </span><i style="font-family: verdana, sans-serif;">habitués</i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> hindus,
siques ou muçulmanos. Mas, como bons cariocas que somos, acendemos de bom grado
uma vela para os santos do Candomblé e jogamos flores na virada do ano para
Yemanjá.</span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif";">Foi
nesse território democrático religioso que contratamos uma diarista testemunha
de Jeová. Glaucia tem vários atributos: passa roupa bem, não desgosta de
cachorros e exprime-se em um português corretíssimo, sendo inclusive tão crítica
que lhe causa aflição escutar frases em que o locutor – usuário do português – ignora o plural dos verbos quando mais de um sujeito participa da ação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif";">Acontece
que aqui também trabalha Gabriela Graciosa da Fonseca, que foi ativa
participante da Marcha das Vadias, que não é uma religião, mas é???? Ih, não
sei explicar direito. Bem, Graciosa adora botar lenha na fogueira e, talvez por
isso, perca vários minutos do seu dia criando apelidos, como o que veio a
receber a obra <i>Wall Clound</i> produzida
com câmaras de ar de pneus. Um detalhe de <i>Wall
Cloud</i> seria usado na capa do material educativo em Minas, quando foi instaurada
a dúvida, semeado o pomo de discórdia: não podemos escolher essa imagem porque
parecem perus. Perus? Como assim? É, parecem pênis! Aí um grupo se reuniu para
debater o assunto, dividindo-se em um Fla x Flu. Metade da torcida levantando a
bandeira do salame e a outra metade do Maracanã, em questão, defendendo um
ponto de vista oposto, mas complementar: que não eram pintos, o close da obra lembrava
a genitália feminina. E havia aqueles, que como eu, afirmavam que todo mundo só
pensa naquilo, porque eram apenas pneus. Venceu a bancada da tradição e dos
bons costumes, e a obra saiu da capa, sendo gentilmente conduzida para uma
posição menos visada, no interior da peça gráfica. Mas Graciosa, que já teve
sua foto de perfil do Facebook com uma calcinha na cara, não ia deixar barato...
Ela imediatamente apelidou<i> Wall Cloud </i>de<i> Piruetas</i>, um casamento de perus +
bucetas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif";">Bem,
mas tudo isso foi para chegar ao caso que vem a seguir. Inaugurou a exposição <i>Picasso e a Modernidade Espanhola</i>.
Grande sucesso de público e crítica. Junto com as pinturas a óleo cubistas,
vieram esboços produzidos para a monumental <i>Guernica</i>.
Decidimos fazer uma réplica tridimensional em isopor da <i>Cabeça de cavalo</i> para que os visitantes cegos pudessem perceber o
desespero representado na língua pontuda e na boca escancarada do animal. Eu
iria para a inauguração em São Paulo e levaria comigo a escultura em isopor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; text-align: justify;">No
corre-corre do meu dia, não tinha tido tempo de fazer as unhas, o que é uma
displicência quando se tem uma festa. Por sorte, Glaucia tem mais uma qualidade
que ainda não mencionei: ela é boa manicure, faz até unhas decoradas com pequenos
desenhos, de modo que me aproveitei desse seu dote. Estávamos nós na seguinte
posição: eu, com a mão estendida sob seus cuidados; ela, tirando minhas
cutículas com o alicate. Felizmente não sou homem, Glaucia não é barbeiro, e
seu instrumento cortante não era uma navalha na minha garganta. Nessa justa
hora, Graciosa resolveu lembrar-me de pôr na mala a escultura e não resistiu à
tentação de usar o nome em espanhol: Pega o </span><i style="font-family: verdana, sans-serif; text-align: justify;">Boceto</i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; text-align: justify;">
do Cavalo! – ela disse. Nossa funcionária – testemunha de Jeová – teve um choque,
não anafilático, mas sim auditivo, soltou um grito escandalizado, e eu quase
fiquei sem um dedo.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif";"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3Bv6eveyAMYoEy6y-S9NeRi56ph15iVUjwUV7NF6OeN3ouaoQdIqcTzKT2jkP_CaePGomXmqDs6Y-pH0dwIKlsNupxGmV6BbZHfeN-dVUia22Hqa5dupkYxlwsbZXnRaSvjFEKHp3pmUf/s1600/Screen+Shot+2015-11-16+at+3.28.18+PM.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3Bv6eveyAMYoEy6y-S9NeRi56ph15iVUjwUV7NF6OeN3ouaoQdIqcTzKT2jkP_CaePGomXmqDs6Y-pH0dwIKlsNupxGmV6BbZHfeN-dVUia22Hqa5dupkYxlwsbZXnRaSvjFEKHp3pmUf/s400/Screen+Shot+2015-11-16+at+3.28.18+PM.png" width="283" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<a href="http://www.pinterest.com/pin/create/extension/?url=https%3A%2F%2Fwww.blogger.com%2Fblogger.g%3FblogID%3D5235315536500055948%23editor%2Ftarget%3Dpost%3BpostID%3D2830263790983531324&media=https%3A%2F%2F2.bp.blogspot.com%2F-TS7QdJ34SN0%2FVkoSZTNblOI%2FAAAAAAAASZ4%2FTQvs6rsS7RY%2Fs400%2FScreen%252BShot%252B2015-11-16%252Bat%252B3.28.18%252BPM.png&xm=h&xv=sa1.37.01&xuid=PzWdTsKQMTGQ&description=" style="background-color: transparent; background-image: url(data:image/png; border: none; cursor: pointer; display: none; height: 20px; left: 211px; opacity: 0.85; position: absolute; top: 1172px; width: 40px; z-index: 8675309;"></a><a href="http://www.pinterest.com/pin/create/extension/?url=https%3A%2F%2Fwww.blogger.com%2Fblogger.g%3FblogID%3D5235315536500055948%23editor%2Ftarget%3Dpost%3BpostID%3D2830263790983531324&media=https%3A%2F%2F2.bp.blogspot.com%2F-TS7QdJ34SN0%2FVkoSZTNblOI%2FAAAAAAAASZ4%2FTQvs6rsS7RY%2Fs400%2FScreen%252BShot%252B2015-11-16%252Bat%252B3.28.18%252BPM.png&xm=h&xv=sa1.37.01&xuid=PzWdTsKQMTGQ&description=" style="background-color: transparent; background-image: url(data:image/png; border: none; cursor: pointer; display: none; height: 20px; left: 211px; opacity: 0.85; position: absolute; top: 1172px; width: 40px; z-index: 8675309;"></a>Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-4328673794180982272015-11-14T18:37:00.003-08:002015-11-17T13:56:36.476-08:00Presentes do meu pai<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #666666; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14.85pt;">Lá
em casa, trabalhou uma senhora chamada Irene. Sabíamos que vinha algo bom toda
vez que Irene começava uma frase com “Tenho para mim...”. Duas das que me
lembro: “Tenho para mim que morcego é rato velho que cria asas”. Outra: “Tenho
para mim que nessa mata tem barulho de elefante” – aqui o ideal seria colar a
foto da pedreira que ocupa os fundos do nosso apartamento. Passei algum tempo
tentando imaginar um elefante, com dotes de uma cabra montês campeã olímpica,
escalando em rapel o paredão de pedra que, graças ao constante trabalho dos
passarinhos de reflorestamento, é pontuado por tufos de grama esparsos e que
Irene poeticamente chamava de mata.</span></div>
<div class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 14.85pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 14.85pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #666666; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O
primeiro parágrafo foi necessário para que não seja um plágio, e sim uma
homenagem à Irene, a expressão usada para abrir este relato. Tenho para mim que
os presentes surgiram logo após Deus arrancar uma costela de Adão e com esta
criar Eva. De cinco mil setecentos e setenta e cinco anos atrás, a inauguração
da primeira lojinha foi um salto na doutrina criacionista baseada no Gênesis
bíblico. E meu pai deve ser um personagem original nessa linha do tempo que
chega até as escadas rolantes dos shopping centers e o contemporâneo comércio
da internet. Ele simplesmente adora comprar presentes, mas não dá a mínima
para ter coisas e gosta menos ainda de recebê-las. Para que a ação lhe dê
prazer, ela precisa ser uma via de mão única. E tanto quanto ele ama comer
frituras – bife à milanesa, ovo frito, rolinhos primavera e Kentucky Fried
Chicken (que o paladar dele tem certeza de que, sem sombra de dúvida, é um
manjar dos deuses do Olimpo), Zequinha ama os vendedores, sem distinção de
credo ou geografia. </span><span style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 14.85pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 14.85pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #666666; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Avenida
Rio Branco, 109. De lá vinham, dentro de uma pasta de executivo modelo 007,
cigarrinhos de chocolate ao leite da marca Pan, quando fumar era fino, e minha
avó, com suas unhas impecáveis pintadas de esmalte vermelho escarlate, usava
piteiras. Minha mãe recebia charutos de massa marzipã (pasta de amêndoas,
açúcar e castanha de caju) cobertos com chocolate amargo da Kopenhagen. Também
recebíamos moedas de chocolate, talvez para estimular nossa educação
financeira.</span><span style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 14.85pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 14.85pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #666666; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas,
como já disse, Dr. José é magnânimo, não existe hierarquia no afeto que sente
pelos comerciantes, e os camelôs farejaram isso. Pulamos anos, agora os filhos
já têm filhas e, portanto, meu pai já é avô. Reparem que não uso o plural
masculino, porque a última geração é formada apenas por pererecas (mas esse é
um assunto para outro texto). Antes de a polícia cometer o perjúrio de isolar
os vendedores de rua no Camelódromo, um se instalou em frente à saída do prédio
de escritórios do número 109. Esse profissional do varejo, com muito tino
comercial, a cada semana ou quinzena trocava a mercadoria que vendia. Foi assim
que ganhamos os presentes mais úteis que jamais teríamos imaginado adquirir.
Por exemplo, uma noite papai chegou com umas cinco chaves de roda em cruz que servem
para desaparafusar pneus, embora eu nunca tenha sabido trocar um. As netas
ainda ganham agendas ilustradas com personagens de desenhos animados, embora
uma já esteja terminando a universidade. Não me lembro de ter recebido aquela
raquete elétrica de matar mosquito, que talvez tivesse sido de grande serventia
em tempos de Dengue, mas minha memória registrou as lanternas de diferentes
modelos e funções. Minha mãe também lembrou, num desses domingos, das cartelas
de pilhas.</span><span style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 14.85pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 14.85pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #666666; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Todo
mundo quer ver seu progenitor feliz, e eu estou longe de ser diferente, de modo
que só pude alegrar-me quando soube que os ambulantes foram pouco a pouco
escapando do confinamento do Mercado Popular da Uruguaiana. Meu português não
deu conta de compreender a definição que encontrei no próprio <i>site</i> do Mercado Popular da Uruguaiana se
autointitulando “o mais famoso centro comercial informal carioca”. Caro leitor,
defina o termo "informal" usando um sinônimo que seja ok para o
fisco. Valendo dez pontos! Bem, como papai não é advogado tributarista, tampouco
advogado da União, não cabe a ele intervir nessa seara.</span><span style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 14.85pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 14.85pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #666666; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E
foi assim que, num piscar de olhos, a viela que dá na entrada do metrô da
Uruguaiana estava tomada pelos mercadores apregoando suas bugigangas. Numa
dessas barraquinhas, um senhor distinto anunciava camas de cachorros, muito bem-acabadas
por sinal, a preços sedutores. Essa compra beneficiou minhas irmãs de quatro
patas, as duas cadelas labradoras, que hoje se refastelam em amplos colchões forrados
com ossinhos coloridos. E devo confessar que, tendo nas veias o sangue paterno,
não resisti e também virei freguesa. Meus dois filhos caninos tiram boas
sonecas em seus colchonetes.</span><span style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 14.85pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #666666; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Agora
chegamos à mais nova aquisição da série "camelôs do papai": de uma
caixa azul, onde (aposto!) se lê <i>Made in China</i>, saiu um pau de <i>selfie</i>.
Um dos cinco presentes que formaram o <i>kit</i> comemorativo, que
ele montou para minha mãe, das cinco décadas de casamento, das bodas de
ouro do casal. O regalo foi de cara enjeitado por D. Ana, mas papai, como
um bom advogado que é, tem sempre um argumento: "Vai ser igual ao <i>ipad</i>, Ana, que você falou que não
sabia por que precisava de um e...". Então, provavelmente, num futuro
próximo, teremos vários <i>selfies</i> familiares usando esse
utensílio que não é o último grito da moda, mas só recentemente chegou ao
comércio de rua das imediações do escritório da Avenida Rio Branco, segunda
casa do Dr. José.</span><span style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQuWu8c9iD-Al9ZLbJNFQdqLFUkDy16u9ihvyICc2koCAC78zCbFHHYeKrJVciannPLTr8g6sZHJMp7GwPZZoVddxpNtaFZ1_CcJmKSSIh-QMWLlVb3HTmn_YbA8ImAB84VIYslai5XONI/s1600/pau+de+selfie.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQuWu8c9iD-Al9ZLbJNFQdqLFUkDy16u9ihvyICc2koCAC78zCbFHHYeKrJVciannPLTr8g6sZHJMp7GwPZZoVddxpNtaFZ1_CcJmKSSIh-QMWLlVb3HTmn_YbA8ImAB84VIYslai5XONI/s400/pau+de+selfie.png" width="322" /></a></div>
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "verdana" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText">
<br /></div>
Dani Chindlerhttp://www.blogger.com/profile/07033900034478705461noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-7873544326784889612015-11-09T06:22:00.001-08:002015-11-21T08:43:21.449-08:00Encontros<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 12pt;">
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-bottom: 12pt;">
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Nem sempre o príncipe vem montado em
um corcel branco... Aliás, eu diria que, em toda a minha vida, o único corcel
que conheci era uma marca de carro da Ford com nome de cavalo e que aparecia em
uma propaganda cuja trilha sonora era do grupo de rock inglês Emerson, Lake and
Palmer. MM, meu HD externo, pediu para acrescentar no verbete “Príncipes são
iguais aos unicórnios, pouca gente encontrou unzinho pela frente. E quem pegou
deve ter achado um tédio só.” <i>Tá</i> na hora de aposentar o
Antônio Houaiss...</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Qual será o motivo
de resistir, ainda, no imaginário de mulheres adultas, a figura do príncipe
encantado? O Reino Unido não tem ajudado muito nesse quesito: Charles é um
exemplar que veio bichado de berço e deveria ter sido recolhido em um <i>recall</i> há
décadas. William também já está ficando careca. Albert, do principado do
Mônaco, nunca despertou suspiros, mesmo sendo filho de quem era: da
inesquecível Grace Kelly. Naruhito do Japão? Pula também. A fada do
encantamento faltou ao batizado de todos. Picolés de chuchu legítimos.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas, há dois
séculos, tivemos um modelo de príncipe versão trópicos, que esse, sim, valia a
pena! Quem experimentou aprovou, pelo menos é o que dizem por aí. Sua alteza
real, legítimo descendente das mais nobres dinastias monárquicas europeias, foi
batizado com nada menos que dezoito nomes: D. Pedro de Alcântara (...) de
Bragança e Bourbon, mas assinava suas confissões amorosas com o singelo “O
DEMONÃO”. </span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">GD conheceu um
rapaz na internet discada. Hoje conhecer pretendentes on-line é moeda corrente,
mas isso foi antes do falecido (ou devo dizer aposentado?) Orkut, em uma sala
de bate-papo na UOL. Jogaram muita conversa fora, ficaram quase seis meses
nessa. Depois de um semestre, provavelmente com pontuação necessária, de ambos
os lados, para evoluírem à segunda fase: trocaram fotos. Ele era alto, louro e
surfista. Ela era morena e gostava de samba. Decorrido mais um punhado de dias,
não sei dizer quantos, antes de finalmente marcarem o primeiro <i>date</i>.
Era uma dupla jovem, com pouco passado e muito futuro pela frente. </span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Analisando
friamente, as redes sociais ressuscitam a figura do amigo imaginário da nossa
primeira infância, só que agora já somos grandinhos... Bem, foi só uma
divagação. </span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tem gente que,
quando acha um bom interlocutor do outro lado, prefere manter o personagem vivo
a arriscar encontrá-lo em carne e osso. Muitas vezes o cavaleiro dos sonhos não
se enquadra no figurino desenhado pela modista da nossa imaginação, e aí é uma
lástima. Lembrei daqueles programas de auditório em que o candidato-vítima está
isolado em uma cabine e precisa responder: você troca mil reais por uma bala Juquinha?
Na vida é assim, nunca sabemos se vale a pena trocar. Você troca um sonho
por...? Viver é um risco, uma aventura ou desventuras em série.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Escrever em
português é uma droga. Falar é muito mais simples. Todo mundo pode falar ao
mesmo tempo, sem regras. Basta sentar em uma mesa de botequim para comprovar.
Só que no papel tem ordem. Porém, não posso evitar interromper a mim mesma com
outros causos que me vêm à memória. Minha vizinha, MM, certa vez relatou que
seu primeiro encontro foi em um ponto de ônibus, quando ela ainda tinha franja
e gostava de mascar chicletes Ping-Pong. Ela e o rapaz estavam esperando a
condução e ficaram ali se olhando, naquele chove-não-molha de pré-adolescente,
até um ter coragem de puxar conversa. Ela perguntou o nome dele: Ben-Hur – ele
respondeu. E o 570 chegou! Hoje, refletindo a respeito, ela desabafou: “Eu
devia ter entendido nessa hora que a minha vida amorosa estava fadada ao
fracasso!”.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Uma noite, saindo
da sala virtual, M convidou GD para sair, e ela topou. Ele veio buscá-la num
carro que não era um corcel e, quando saltou para abrir a porta, uma fita
métrica invisível, de cara, denunciou ser o príncipe (não tão encantado) vários
centímetros mais baixo do que a foto fazia parecer.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">D Pedro II,
primeiro monarca brasileiro, nascido deste lado do Atlântico, não tinha a
pegada do pai. O pobre passou por situação bem mais drástica que essa. Em
priscas eras, quando o Photoshop nem ousava existir, mandaram para o nosso
infante um relicário com um retrato de Teresa Cristina Maria de Bourbon-Duas
Sicílias, filha caçula do Duque da Calábria. Os pintores capricharam no
desenho, mentiram um pouco e ocultaram outro tanto. Mas é público e notório
que, ao conhecer a esposa, com quem casara por procuração, D. Pedro II teria
cogitado pedir a anulação do matrimônio por conta dos minguados atributos
físicos da moça. A lenda diz até que ele até chorou, e foi Dadama, sua
ama-de-leite, que o convenceu a manter o contratado porque a união era uma
questão de Estado. E não me venha dizer que agora entendeu aquele olhar
melancólico das fotos do nosso imperador barbudo, porque no meio do caminho
teve a Condessa de Barral. E mais não conto! Os curiosos podem pesquisar sobre
essa pulada de cerca na Biblioteca Nacional.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Juro que não vou
mais postergar esse encontro, porque já muito me atrasei nesse relato – e isso
não é um testamento, apenas um primeiro capítulo. Bem, GD entrou no
bólido (assim eram chamados os carros velozes no tempo da minha avó, não no
presente que estamos, mas uso para dar mais graça ao texto), e foram comer uma
pizza. O rapaz estava bem animado porque soltou: “Você é muito mais bonita
pessoalmente. Na foto tinha nariz de batata”. Imagino que ele deva ter achado
que fazia um elogio, mas, de certo, o herói romântico Cyrano de Bergerac
consideraria tal abordagem um verdadeiro desastre. Mesmo assim, a noite foi
agradável e, antes de a moça sair do carro, rolou um beijo. Ela achou gostoso,
mas ele era baixo...</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Nessa época, GD
fazia uns bicos. A mãe não facilitava, e a mesada nem pagava o ir e vir de
buzunga e o lanche. O ditado diz que beleza não põe mesa. De certo, mas paga o
restaurante. A moça bem-apessoada tirava uma grana trabalhando como promotora
e, naquela semana, tinha conseguido uma divulgação da cerveja Cintra no
supermercado Mundial de Copacabana. Minha prima Miriam, moradora do bairro, só
chama o tal supermercado de Imundial! </span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Cintra não é
nenhuma Brahma ou Skol, não é lá muito saborosa, tampouco encorpada, e o
sujeito precisa beber um bocado para dar onda. O que não era exatamente uma
questão, porque era “de grátis”. E, devido a essa grande qualidade, já que de
graça até injeção na testa, o balcão convertia-se em uma sucursal do inferno.
Era um amontoado de gente, que mal dava para piscar. Por isso a moça, enquanto
enchia os copos, para que o dia ficasse mais divertido, bebia também. E aí, no
intervalo, um pouco mais <i>pra</i> lá do que <i>pra</i> cá,
ia para um pequeno vestiário feminino, abria umas caixas, estendia o papelão no
chão – checando antes se esse, sim, era encorpado – e tirava uma soneca.
Lembrando que estamos no Imundial!!!</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Estava a princesa
desta história, GD, deitada eternamente em berço esplêndido, tendo na fuça o pé
cascudo de uma funcionária do supermercado, que roncava no papelão à sua
frente, quando tocou o celular. Em seu campo de visão, resultado da equação
calça apertada/soneca, um trio de mulheres pagava cofrinho. No celular, o
príncipe já convertido em abóbora. </span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mulher é um bicho
estranho que tem regras que não fazem muito sentido. Ou melhor, sentido algum.
Essa moça ficava entediada quando o bonitão ligava no dia seguinte. Como assim
deu um beijinho ontem e já <i>tá</i> se achando?! Sem empolgação,
desconversou e voltou para os braços de Morfeu. Tinha só meia hora de intervalo
e não pretendia desperdiçá-la.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Se a história
terminasse aqui, não teria romance, mas vamos em frente. Hoje, amanhã, depois
de amanhã. O fato é que três dias se passaram, e o telefone da nossa protagonista
não tocou. Opa! Permanecendo o silêncio nos dias subsequentes, entra a lógica
sem lógica feminina. Pera lá, quer dizer que ele não me quer? Parece a lógica
do ex. Ninguém quer ex, mas basta uma sirigaita se engraçar com ele, que 90% da
população feminina volta lá e faz xixi no poste para demarcar território. </span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; text-align: justify;">
<span style="color: #404040; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A moça, agora
indignada, tomou a iniciativa e discou o número do varão. Do outro lado, o moço
atendeu e perguntou: “Quem <i>tá</i> falando?”. E ela: “Quem <i>tá</i> falando?
Como assim? Sou eu!” Aí o cara mandou muito e respondeu na lata: “Eu te dei o
maior beijo gostoso e, no dia seguinte, você me esnobou. Deletei o número”. E
então? Um tempo depois, GD teve um <i>upgrade</i> na carreira e foi
transferida para o Extra de Vila Isabel. Mas aposto que não é isso que vocês
estão se perguntando. Rolou um <i>happy end</i>? “Of course my horse!” Na
semana passada mesmo, estive na piscina do Olympico Club, na Pompeu Loureiro,
em Copacabana. No chiquerérrimo clube, rolava um churrascão regado a muito
cerveja, da boa, e os anfitriões eram GD e seu príncipe M – não mais virtual –
que hoje têm um casal de filhos. </span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<span style="font-family: inherit;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAP6UOOKFJYpyMU3AF9_r7rKqCcwa1eECQVYCCLe4yeCshYMr-hq8Lnfly8twBTymhzxVfoGGxqdyK-mK8CqIH8JHExVPQRR5oJMakUojewW69wZEpBcBvdgDcNk9lmNs_ONan0Ajf5Lt6/s1600/10b0395845967ca710821183d99f8d3e.jpg" style="font-family: inherit;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAP6UOOKFJYpyMU3AF9_r7rKqCcwa1eECQVYCCLe4yeCshYMr-hq8Lnfly8twBTymhzxVfoGGxqdyK-mK8CqIH8JHExVPQRR5oJMakUojewW69wZEpBcBvdgDcNk9lmNs_ONan0Ajf5Lt6/s640/10b0395845967ca710821183d99f8d3e.jpg" /></a><br /><br /><br /><br /> </span>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5235315536500055948.post-55618516043126293602015-11-09T04:52:00.000-08:002015-12-03T12:34:47.101-08:00O Toco<div align="center" class="MsoPlainText" style="text-align: center;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: left;">
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">Toco, substantivo masculino. Parte do tronco da árvore
que permanece enterrada depois que a árvore foi cortada. Expressão “Levar um
toco”, ser dispensado(a) pelo namorado(a).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">Tem gente que de um limão, faz uma limonada. Sophie
Calle, a artista francesa conta:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">“Recebi uma carta de rompimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">E não soube respondê-la.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">Era como se ela não me fosse destinada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">Ela terminava com as seguintes palavras: Prenez soin
de vous (Te cuida)”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">A artista levou a recomendação “Cuide de você” ao pé
da letra. Convidou 107 mulheres, para interpretar a carta. Analisá-la,
comentá-la, esgotá-la, entendê-la em seu lugar e responderem por ela. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Era uma maneira de ganhar tempo antes de
romper. Uma maneira de cuidar de si. Do toco Sophie Calle fez jarras de
limonadas, ou melhor, de caipirinhas... As repostas transformaram-se em uma
grande exposição que rodou o mundo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">Valquiria Prates, colega paulista, trabalhou na
exposição. Ela contou que a equipe de educadores precisava oferecer lenços de
papel para todas as mulheres que vinham a mostra reviver o toco que haviam
levado algum dia. Era uma catarse feminina. Aposto que Aristóteles não previu
nada semelhante em sua poética que trata da tragédia. Mas mesmo não se
encaixando exatamente em um gênero teatral previsto pelo filósofo grego, a cena
do ir e vir de mulheres de olhos vermelhos chorosos atraiu espectadores.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A enxurrada do mulherio atiçou a curiosidade
de um grupo de pedreiros que nunca antes havia entrado em uma galeria. Os
operários vieram conferir e já chegaram perguntando se ali era a exposição da
chifruda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">Algumas mulheres tem um perfil mais agressivo, e não
engolem o toco a seco. A dona de uma renomada editora carioca, melhor não citar
nomes, uma vez levou um tchau na véspera do Natal e por email. Tem certas
coisas que não se fazem! <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bye Bye so long</i>
por email é falta de cortesia. Pior só se fosse por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">WhatsApp</i>. Cadê aqueles homens que até ontem andavam de chapéu no
bonde? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">Acontece que o autor da mensagem talvez não tenha se
lembrado, no momento de clicar no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">send</i>,
que por acaso, ele era também autor do livro que estava sendo rodado e seria
lançado pela editora da não mais namorada em questão. Como eu sei dessa
história? Bem, porque eu estive na festa do lançamento. Festão no salão do
Cordão da Bola Preta, quartel general do Carnaval. Alias no antigo salão, que
era ali na Cinelândia, perto do Theatro Municipal, porque a os foliões não
pagaram o condomínio e foram despejados de lá. O patrocinador a cachaça 51.
Tinha também feijoada e música. Esqueci de contar que o livro era sobre samba. Lá
todo mundo e mais alguém. Carioca é assim, adora um ajuntamento. Estavam
jornalistas, compositores, cantores, famosos e anônimos, mas no geral ávidos
leitores. Só quem não estava, quem faltou foi o... Livro! A ex com o toco
entalado na garganta, simplesmente não imprimiu os exemplares a tempo para o
lançamento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">Há respostas arquitetadas e outras mais espontâneas. Sueli vira e mexe saía com um cara. Ele aparecia, rolava um sexo e
rock'n'roll e depois o bonitão ia embora. Um dia os dois estavam juntos, tinham
acabado de namorar e, nesse momento mais inoportuno possível, o moço resolveu
ser honesto: “Você sabe que não vamos nunca ficar juntos, né?!” A menina que só
tinha bebido uma cerveja não deu conta e vomitou no colo dele. Depois ligou
para as amigas e anunciou: “Pronto não falta mais nada para eu me tornar uma
personagem do Almodovar!” <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">Na escola da minha caçula adotaram “Senhora” de José
de Alencar. Putzgrila, na boa, José de Alencar é chato pra burro! Nem o
fundador da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis, que o escolheu
para patrono de sua cadeira de número 23, leria José de Alencar hoje em dia. Acho
que vou sugerir trocar a leitura do livro do século XIX pelo filme “Mulheres a
beira de um ataque de nervos” do Almodovar. Aurélia Camargo (Senhora) por
Carmen Maura (Pepa).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">MM precavida quando começa uma relação, já
grava logo o CD de músicas de fossa. Melhor estar com o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">playlist</i> já programado, porque vai que o chute na bunda pede uma trilha
sonora imediata!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">Homem também leva toco, é claro! Quem não viu “500
dias com ela”? Quase dois anos namorando e logo depois do rompimento a fila da
amada já andou. E não vale dizer que isso é coisa de cinema! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">E quem nunca levou um toco, que levante a mão. O bom
de não estar invicto é que não se perde o rebolado no segundo, nem nos
subsequentes. Meu primeiro fora foi com doze anos. Não era nada sério, mas o
resultado deixou uma marca cafona no meu currículo. De coração partido eu botei
na vitrola o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">long play</i>, ou melhor o
disco de vinil de uma só faixa por lado (nos<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>anos 80 disco ainda tinha lado A e lado B, era frente e verso), com a
música “Léo e Bia” do Oswaldo Montenegro, umas vinte vezes. Deitava no sofá,
fazia a cena de infeliz deitada no sofá por uns três minutos. Acabava a música
eu levantava, pegava a agulha da vitrola punha no inicio do disco e me jogava
no sofá novamente. Era quase um abdominal em câmera lenta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">Vinte e poucos anos depois levei um “não vai dar para
rolar mais” por mensagem de texto. Duro! O quase namorado encontrou com a
antiga namorada dele e o passado foi mais contundente que o futuro. Acontece.
Fazer o quê?! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoPlainText" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt;">Patricia teve um pretendente que apenas sumiu. Nos dias de
hoje sabemos onde a pessoa está. Ele estava <i style="mso-bidi-font-style: normal;">on
line</i> nas redes sociais e na comunicação virtual do telefone, mas apenas
ficou mudo. Não respondia mais. Simples assim. Será que o cara tinha morrido e
deixado o Facebook aberto? Ou ele achou que nem precisava avisar que tinha ido
embora? Sabe aqueles convidados que estão com sono e dizem não querem
interromper a festa dos outros e por isso saem de fininho sem se despedir? Rola
com o salão cheio, mas festa a dois não dá para sair sem ser notado. Eu ainda
acho que relacionamento é igual a restaurante, não é recomendável ir embora sem
acertar a conta. Patricia pensou que talvez fosse mais fácil escrever várias
frases para que o cavalheiro escolhesse uma e a respondesse. O começo era
sempre igual, assim para não dificultar. Inspirou-se nas múltiplas escolhas do
ENEM, mas esqueceu de desenhar os quadradinhos onde ele deveria marcar um X. MM que entende que macho que gosta de Telecine Action e Pizza Hut a avisou
que não ia dar certo, porque havia dado doze opções e o máximo desse formato de teste
são cinco. </span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-align: left;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-align: left;">As opções:</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.8pt; text-align: left;">
</div>
<ol>
<li><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-indent: -21pt;">Não quero mais falar com você porque sou apaixonado por outra mulher.</span></li>
<li><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-indent: -21pt;">Não quero mais falar com você, porque você anda rápido. (Embora ela
pudesse andar mais devagar).</span></li>
<li><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-indent: -18pt;">Não quero mais falar com você porque
sou gay. (Não acreditava nessa, mas ele podia tentar).</span></li>
<li><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-indent: -18pt;">Não quero mais falar com você porque
prefiro mulheres burras.</span></li>
<li><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-indent: -18pt;">Não quero mais falar com você porque
você não tem tatuagem.</span></li>
<li><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-indent: -18pt;">Não quero mais falar com você porque
você gostou de mim e fiquei com medo.</span></li>
<li><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-indent: -18pt;">Não quero mais falar com você porque
durante todo esse tempo estive flertando com outras mulheres. (Torceu para não
ser essa a resposta).</span></li>
<li><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-indent: -18pt;">Não quero mais falar com você porque
tenho uma doença incurável. (Não, parece muito novela da Globo).</span></li>
<li><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-indent: -18pt;">Não quero mais falar com você porque
você me assusta e apesar de saber respirar não quero perder o ar.</span></li>
<li><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-indent: -18pt;">Não quero mais
falar com você porque você não gosta de cerveja e não sabe quem é a bola.
(Talvez essa fosse uma razão justa)</span></li>
<li><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt; text-indent: -18pt;"> Não quero mais falar com você porque enquanto não arrumar a minha
vida não quero fazer planos. (Isso é sempre mentira).</span></li>
<li><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10pt; line-height: 13.8pt;">Não quero mais falar com você porque simplesmente não sinto nada
pela sua pessoa (Essa seria a mais dura de todas, mas ela corajosamente deu-lhe
a opção de a nocautear). </span></li>
</ol>
<br />
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit; font-size: 10pt; line-height: 115%;">No final deixou uma observação: Se nenhuma delas servir, posso pensar em muitas outras.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<u><span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">O lado B<o:p></o:p></span></u></div>
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<span lang="PT-BR" style="font-family: inherit; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">E
os tocos que a gente dá?!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>...<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
</span><br />
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<br /></div>
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