Toco, substantivo masculino. Parte do tronco da árvore
que permanece enterrada depois que a árvore foi cortada. Expressão “Levar um
toco”, ser dispensado(a) pelo namorado(a).
Tem gente que de um limão, faz uma limonada. Sophie
Calle, a artista francesa conta:
“Recebi uma carta de rompimento.
E não soube respondê-la.
Era como se ela não me fosse destinada.
Ela terminava com as seguintes palavras: Prenez soin
de vous (Te cuida)”.
A artista levou a recomendação “Cuide de você” ao pé
da letra. Convidou 107 mulheres, para interpretar a carta. Analisá-la,
comentá-la, esgotá-la, entendê-la em seu lugar e responderem por ela. Era uma maneira de ganhar tempo antes de
romper. Uma maneira de cuidar de si. Do toco Sophie Calle fez jarras de
limonadas, ou melhor, de caipirinhas... As repostas transformaram-se em uma
grande exposição que rodou o mundo.
Valquiria Prates, colega paulista, trabalhou na
exposição. Ela contou que a equipe de educadores precisava oferecer lenços de
papel para todas as mulheres que vinham a mostra reviver o toco que haviam
levado algum dia. Era uma catarse feminina. Aposto que Aristóteles não previu
nada semelhante em sua poética que trata da tragédia. Mas mesmo não se
encaixando exatamente em um gênero teatral previsto pelo filósofo grego, a cena
do ir e vir de mulheres de olhos vermelhos chorosos atraiu espectadores. A enxurrada do mulherio atiçou a curiosidade
de um grupo de pedreiros que nunca antes havia entrado em uma galeria. Os
operários vieram conferir e já chegaram perguntando se ali era a exposição da
chifruda.
Algumas mulheres tem um perfil mais agressivo, e não
engolem o toco a seco. A dona de uma renomada editora carioca, melhor não citar
nomes, uma vez levou um tchau na véspera do Natal e por email. Tem certas
coisas que não se fazem! Bye Bye so long
por email é falta de cortesia. Pior só se fosse por WhatsApp. Cadê aqueles homens que até ontem andavam de chapéu no
bonde?
Acontece que o autor da mensagem talvez não tenha se
lembrado, no momento de clicar no send,
que por acaso, ele era também autor do livro que estava sendo rodado e seria
lançado pela editora da não mais namorada em questão. Como eu sei dessa
história? Bem, porque eu estive na festa do lançamento. Festão no salão do
Cordão da Bola Preta, quartel general do Carnaval. Alias no antigo salão, que
era ali na Cinelândia, perto do Theatro Municipal, porque a os foliões não
pagaram o condomínio e foram despejados de lá. O patrocinador a cachaça 51.
Tinha também feijoada e música. Esqueci de contar que o livro era sobre samba. Lá
todo mundo e mais alguém. Carioca é assim, adora um ajuntamento. Estavam
jornalistas, compositores, cantores, famosos e anônimos, mas no geral ávidos
leitores. Só quem não estava, quem faltou foi o... Livro! A ex com o toco
entalado na garganta, simplesmente não imprimiu os exemplares a tempo para o
lançamento.
Há respostas arquitetadas e outras mais espontâneas. Sueli vira e mexe saía com um cara. Ele aparecia, rolava um sexo e
rock'n'roll e depois o bonitão ia embora. Um dia os dois estavam juntos, tinham
acabado de namorar e, nesse momento mais inoportuno possível, o moço resolveu
ser honesto: “Você sabe que não vamos nunca ficar juntos, né?!” A menina que só
tinha bebido uma cerveja não deu conta e vomitou no colo dele. Depois ligou
para as amigas e anunciou: “Pronto não falta mais nada para eu me tornar uma
personagem do Almodovar!”
Na escola da minha caçula adotaram “Senhora” de José
de Alencar. Putzgrila, na boa, José de Alencar é chato pra burro! Nem o
fundador da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis, que o escolheu
para patrono de sua cadeira de número 23, leria José de Alencar hoje em dia. Acho
que vou sugerir trocar a leitura do livro do século XIX pelo filme “Mulheres a
beira de um ataque de nervos” do Almodovar. Aurélia Camargo (Senhora) por
Carmen Maura (Pepa).
MM precavida quando começa uma relação, já
grava logo o CD de músicas de fossa. Melhor estar com o playlist já programado, porque vai que o chute na bunda pede uma trilha
sonora imediata!
Homem também leva toco, é claro! Quem não viu “500
dias com ela”? Quase dois anos namorando e logo depois do rompimento a fila da
amada já andou. E não vale dizer que isso é coisa de cinema!
E quem nunca levou um toco, que levante a mão. O bom
de não estar invicto é que não se perde o rebolado no segundo, nem nos
subsequentes. Meu primeiro fora foi com doze anos. Não era nada sério, mas o
resultado deixou uma marca cafona no meu currículo. De coração partido eu botei
na vitrola o long play, ou melhor o
disco de vinil de uma só faixa por lado (nos
anos 80 disco ainda tinha lado A e lado B, era frente e verso), com a
música “Léo e Bia” do Oswaldo Montenegro, umas vinte vezes. Deitava no sofá,
fazia a cena de infeliz deitada no sofá por uns três minutos. Acabava a música
eu levantava, pegava a agulha da vitrola punha no inicio do disco e me jogava
no sofá novamente. Era quase um abdominal em câmera lenta.
Vinte e poucos anos depois levei um “não vai dar para
rolar mais” por mensagem de texto. Duro! O quase namorado encontrou com a
antiga namorada dele e o passado foi mais contundente que o futuro. Acontece.
Fazer o quê?!
Patricia teve um pretendente que apenas sumiu. Nos dias de
hoje sabemos onde a pessoa está. Ele estava on
line nas redes sociais e na comunicação virtual do telefone, mas apenas
ficou mudo. Não respondia mais. Simples assim. Será que o cara tinha morrido e
deixado o Facebook aberto? Ou ele achou que nem precisava avisar que tinha ido
embora? Sabe aqueles convidados que estão com sono e dizem não querem
interromper a festa dos outros e por isso saem de fininho sem se despedir? Rola
com o salão cheio, mas festa a dois não dá para sair sem ser notado. Eu ainda
acho que relacionamento é igual a restaurante, não é recomendável ir embora sem
acertar a conta. Patricia pensou que talvez fosse mais fácil escrever várias
frases para que o cavalheiro escolhesse uma e a respondesse. O começo era
sempre igual, assim para não dificultar. Inspirou-se nas múltiplas escolhas do
ENEM, mas esqueceu de desenhar os quadradinhos onde ele deveria marcar um X. MM que entende que macho que gosta de Telecine Action e Pizza Hut a avisou
que não ia dar certo, porque havia dado doze opções e o máximo desse formato de teste
são cinco.
As opções:
As opções:
- Não quero mais falar com você porque sou apaixonado por outra mulher.
- Não quero mais falar com você, porque você anda rápido. (Embora ela pudesse andar mais devagar).
- Não quero mais falar com você porque sou gay. (Não acreditava nessa, mas ele podia tentar).
- Não quero mais falar com você porque prefiro mulheres burras.
- Não quero mais falar com você porque você não tem tatuagem.
- Não quero mais falar com você porque você gostou de mim e fiquei com medo.
- Não quero mais falar com você porque durante todo esse tempo estive flertando com outras mulheres. (Torceu para não ser essa a resposta).
- Não quero mais falar com você porque tenho uma doença incurável. (Não, parece muito novela da Globo).
- Não quero mais falar com você porque você me assusta e apesar de saber respirar não quero perder o ar.
- Não quero mais falar com você porque você não gosta de cerveja e não sabe quem é a bola. (Talvez essa fosse uma razão justa)
- Não quero mais falar com você porque enquanto não arrumar a minha vida não quero fazer planos. (Isso é sempre mentira).
- Não quero mais falar com você porque simplesmente não sinto nada pela sua pessoa (Essa seria a mais dura de todas, mas ela corajosamente deu-lhe a opção de a nocautear).
No final deixou uma observação: Se nenhuma delas servir, posso pensar em muitas outras.
O lado B
13. Não quero mais você porque seu signo é gêmeos.
ResponderExcluir14. Não quero mais você porque você mora na Capão. (isto é verdade! namorado preguiçoso não quer andar de metro!)
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